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    o impeachment

    Repelentes e água de coco lideram a lista de setores sobreviventes à crise

    TATIANA FREITAS
    DE SÃO PAULO

    01/01/2016 02h00

    Alf Ribeiro - 31.jan.2015/Folhapress
    Linha de produção de água de coco na cidade de Conde, na Bahia; setor cresceu 16% em 2015 até novembro
    Linha de produção de água de coco na cidade de Conde (BA); setor cresceu 16% em 2015 até novembro

    Conveniência, saúde, boa forma e prazer. As tendências de consumo que marcaram os anos de alta da renda sobrevivem à crise econômica.

    Em um ano de queda generalizada das vendas, alguns produtos que proporcionam essas experiências ao consumidor mantiveram crescimento no volume em 2015.

    Segundo o instituto de pesquisas Nielsen, estão entre os sobreviventes da crise itens como água de coco industrializada, que teve aumento de 16% nas vendas até novembro, cream cheese (7%), creme de avelã (15%) e protetor solar ou bronzeador (8%).

    A alta sobressai diante da queda de até 1,8% prevista para o volume de vendas da cesta de produtos Nielsen em 2015, com 130 itens.

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    Segundo Paula Valadão, analista de mercado da Nielsen, a busca pela saúde e bem estar explica o aumento nas vendas de água de coco e de protetor solar, por exemplo.

    Explicação semelhante serve para o campeão de vendas no ano: o repelente, cujo volume de vendas disparou 32,5% até novembro, segundo a Nielsen.

    Neste caso, no entanto, há um fator emergencial. As principais fabricantes de repelente do país, SC Johnson (da marca OFF!) e Reckitt Benckiser (Repelex), atribuem o crescimento à maior preocupação com o mosquito Aedes Aegypti.

    ALTA RENDA

    Outras motivações também justificam o movimento. Os produtos listados pela Nielsen têm uma baixa base de comparação e não têm baixo valor unitário. Logo, são adquiridos por consumidores de renda mais alta.

    "Os produtos destinados às camadas mais ricas são menos impactados pela crise", diz Alexis Frick, gerente de pesquisa da Euromonitor Internacional em São Paulo.

    A consultoria estima que outros alimentos destinados a esse tipo de consumidor tenham aumentado o valor das vendas em 2015: orgânicos (20%) e destinados a pessoas com algum tipo de intolerância alimentar (13%).

    Juliana Gragnani - 2.dez.2015/Folhapress
    Oferta de repelentes em farmácia de Pinheiros, em São Paulo
    Oferta de repelentes em farmácia de Pinheiros, em São Paulo

    Até no mercado de eletrodomésticos de linha branca, que deve amargar queda de 6% nas vendas em 2015, a Euromonitor identificou sobreviventes da crise: máquina de lavar louça, cujo volume deve avançar 2%, ventilador e ar condicionado (10%) e fritadeiras que funcionam com pouco ou sem óleo (19%).

    Segundo Frick, as tendências que continuam incentivando o consumo no Brasil são globais. No caso da lava louça, o motivador do consumo é a busca por conveniência, devido à rotina cada vez mais atribulada, famílias menores e empregadas domésticas mais raras e caras.

    Outro estímulo, também válido para aparelhos de ar condicionado e fritadeiras, é o desejo de ter uma vida mais saudável e de tornar a residência mais agradável.

    "São formas de valorizar o ambiente interno sem gastar muito", diz Frick. "Antes, as pessoas saíam para jantar. Agora, elas convidam os amigos para jantar em casa", diz o analista.

    VERGAM, MAS NÃO QUEBRAM - Conheça as tendências de consumo que prevaleceram na crise e exemplos de produtos que mantiveram crescimento no volume de vendas em 2015 <br><br><b>Conveniência e?valorização do lar, projeção para 2015

    PRAZER

    Durante a crise, a busca pelo prazer também guia a decisão de compra. Segundo Valadão, é o que ajuda a explicar a alta nas vendas de creme de avelã. "É um produto super indulgente", diz.

    Até a classe mais alta altera comportamentos de consumo nesse período. "Os mais ricos são menos afetados pela crise, mas não são alheios a ela", diz Álvaro Garcia, diretor de marketing da Diageo, fabricante de bebidas que elevou as vendas de categorias mais caras em 2015.

    No caso da vodka superpremium, as vendas da empresa dispararam 75% nos meses de agosto, setembro e outubro de 2015, em relação ao mesmo período de 2014, segundo dados da Nielsen divulgados pela empresa.

    VERGAM, MAS NÃO QUEBRAM - Conheça as tendências de consumo que prevaleceram na crise e exemplos de produtos que mantiveram crescimento no volume de vendas em 2015<br><br><b>Prazer

    "Os mais ricos ficam constrangidos em ostentar. Eles entendem que o luxo mais discreto é mais adequado para a situação", diz Garcia.

    Outro aspecto ressaltado pelo executivo é o crescimento do consumo de luxo fora das grandes metrópoles, como a região Centro-Oeste e o interior de São Paulo, que são ligadas ao agronegócio.

    No acumulado de janeiro a novembro, as vendas totais de vodka, considerando os segmentos premium e de massa, subiram 1,8% em volume, segundo a Nielsen.

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