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Mercado
Sunday, 28-Apr-2024 03:46:49 -03Empresas devem voltar a regime antigo de contribuição ao INSS
GIULIANA VALLONE
DE SÃO PAULO02/01/2016 02h00
A aprovação da reoneração da folha de salários pelo governo, em setembro, fará com que entre 30% e 40% das empresas brasileiras optem por voltar para o regime antigo de contribuição ao INSS em 2016. A informação é de um levantamento feito pela Folha com associações de setores, advogados e empresas.
O aumento de despesas decorrente da revisão no planejamento tributário para 2016, dizem, fará com que as companhias cortem investimentos e freiem a contratação com carteira assinada –dois dos principais objetivos da política. Alguns setores projetam ainda aumento de preços e corte de vagas em 2016.
A desoneração, que teve início em 2011, permitia que as empresas de 56 setores contribuíssem para o INSS pagando alíquotas de 1% a 2% sobre o faturamento –e não 20% sobre a folha de pagamento. O custo para os cofres públicos superou os R$ 25 bilhões no ano passado.
Com o rombo crescente das contas públicas, o governo passou no Congresso projeto de lei para elevar os percentuais em até 150%.
Editoria de Arte/Folhapress Empresas brasileiras podem voltar a regime antigo de contribuição ao INSS A mudança, agora aprovada, prevê que as empresas incluídas no sistema de desoneração decidam se continuarão a contribuir sobre o faturamento ou voltarão a fazer o cálculo com base nos salários. A opção que for feita em janeiro valerá para todo o resto do ano.
De acordo com especialistas tributários, o retorno ao modelo antigo de arrecadação vale a pena para empresas que tenham quadro de funcionários enxuto e faturem proporcionalmente mais. Quanto maior a folha de pagamento, maior a chance de a companhia continuar no sistema antigo, diz Leonardo Mazzillo, do escritório de advocacia WFaria.
"É preciso fazer uma análise prospectiva para saber como a empresa vai se comportar em 2016, se vai ter faturamento reduzido, ou mão de obra", diz Sérgio Lewin, sócio do Silveiro Advogados.
De acordo com ele, o setor de TI (tecnologia da informação) é um dos que podem se beneficiar do retorno à contribuição sobre a folha. "É um setor que tem faturamento relevante, e muitas vezes não emprega muita mão de obra."
Jeovani Salomão, presidente da Assespro (associação do setor) estima que entre 30% e 40% das empresas do setor devem voltar ao regime antigo. A proporção é semelhante na indústria têxtil, segundo Ronald Masijah, presidente do Sindivestuário. Ele ressalta, porém, que mesmo para as empresas que ainda recolherão o tributo sobre o faturamento "a vantagem foi toda para o espaço."
O número de companhias que deve voltar ao regime antigo ultrapassa os 40% em alguns setores. É o caso das empresas do setor elétrico, afirma Humberto Barbato, presidente da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica).
"Nós sugerimos ao governo a entrada de 600 itens do setor na desoneração, com base nos cálculos de quais seriam beneficiados –a grande maioria das empresas incluídas era do setor elétrico", diz.
As exceções aprovadas - Empresas que pagam 1%
As exceções aprovadas - Empresas que pagam 2%
"As companhias com maior valor agregado nem entraram no regime. Para nós, portanto, vai voltar todo mundo para a folha de pagamento", afirma.
Associações e empresas são unânimes em dizer que a reoneração da folha deve tornar um ano ruim ainda pior. Pesquisa da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) aponta que 54% das empresas reduzirão o quadro de funcionários. "Esses vão ter que demitir por causa do aumento de despesas, com certeza", diz José Ricardo Coelho, diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia.
Além disso, 29% das empresas investirão menos em 2016. É o caso da empresa de TI Populis Serviços, que decidiu se manter no regime de desoneração, mas com ganho "bem menor", segundo Ubirajara de Camargo, diretor administrativo e financeiro. "Antes, a gente investia todo o dinheiro que sobrava com a desoneração. E agora esse investimento vai diminuir."
A redução de investimentos prejudica indiretamente outros setores, como o da construção. "2016 não vai ser um ano bom. É um setor de longo prazo, que depende muito da maturação da decisão de investimentos. Hoje não estão tomando nenhuma", afirma o vice-presidente de Economia do SindusCon-SP (sindicato do setor), Eduardo Zaidan.
Outra consequência da reoneração, segundo as empresas, será o repasse do aumento de despesas para os preços de produtos –40% delas, segundo a Fiesp, dizem que farão reajustes.
"É um aumento de 150% [na alíquota]. Infelizmente, teremos aumento de preços", afirma Masijah, presidente do do Sindivestuário.
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VEJA TODAS AS ALÍQUOTAS DOS SETORES
Setor Segmento Alíquota anterior Nova alíquota Indústria Aves, suínos e derivados 1% 1% Indústria Pães e massas 1% 1% Indústria Pescado 1% 1% Indústria Couro e calçados 1% 1,5% Indústria Confecções 1% 2,5% Serviços Call Center 2% 3,0% Transportes Transporte aéreo 1% 1,5% Transportes Transporte marítimo, fluvial e naveg apoio 1% 1,5% Transportes Transporte rodoviário coletivo 2% 3,0% Transportes Transporte rodoviário de carga 1% 1,5% Transportes Transporte metroferroviário de passageiros 2% 3,0% Transportes Transporte ferroviário de cargas 1% 1,5% Construção Construção Civil 2% 4,5% Construção Empresas de construção e de obras de infra-estrutura 2% 4,5% Serviços TI & TIC 2% 4,5% Serviços Design Houses 2% 4,5% Serviços Hotéis 2% 4,5% Serviços Suporte técnico informática 2% 4,5% Comércio Comércio Varejista 1% 2,5% Indústria Auto-peças 1% 2,5% Indústria BK mecânico 1% 2,5% Indústria Fabricação de aviões 1% 2,5% Indústria Fabricação de navios 1% 2,5% Indústria Fabricação de ônibus 1% 2,5% Indústria Material elétrico 1% 2,5% Indústria Móveis 1% 2,5% Indústria Plásticos 1% 2,5% Indústria Têxtil 1% 2,5% Indústria Brinquedos 1% 2,5% Indústria Manutenção e reparação de aviões 1% 2,5% Indústria Medicamentos e fármacos 1% 2,5% Indústria Núcleo de pó ferromagnético, gabinetes, microfones, alto-falantes e outras partes e acessórios de máquinas de escrever e máquinas e aparelhos de escritório. 1% 2,5% Indústria Pedras e rochas ornamentais 1% 2,5% Indústria Bicicletas 1% 2,5% Indústria Cerâmicas 1% 2,5% Indústria Construção metálica 1% 2,5% Indústria Equipamento ferroviário 1% 2,5% Indústria Equipamentos médicos e odontológicos 1% 2,5% Indústria Fabricação de ferramentas 1% 2,5% Indústria Fabricação de forjados de aço 1% 2,5% Indústria Fogões, refrigeradores e lavadoras 1% 2,5% Indústria Instrumentos óticos 1% 2,5% Indústria Papel e celulose 1% 2,5% Indústria Parafusos, porcas e trefilados 1% 2,5% Indústria Pneus e câmaras de ar 1% 2,5% Indústria Tintas e vernizes 1% 2,5% Indústria Vidros 1% 2,5% Indústria Alumínio e suas obras 1% 2,5% Indústria Borracha 1% 2,5% Indústria Cobre e suas obras 1% 2,5% Indústria Manutenção e reparação de embarcações 1% 2,5% Indústria Obras de ferro fundido, ferro ou aço 1% 2,5% Indústria Obras diversas de metais comuns 1% 2,5% Indústria Reatores nucleares, cladeiras,máquinas e instrumentos mecânicos e suas partes 1% 2,5% Serviços Empresas jornalísticas 1% 1,5% Transportes Carga, descarga e armazenagem de contêineres 1% 2,5% Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br
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