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    Subsídio do BNDES impulsionou setor de energia eólica e aérea Azul

    DIMMI AMORA
    DE BRASÍLIA

    03/01/2016 02h00

    Apesar de beneficiar mais grandes empresas, o PSI (Programa de Sustentação de Investimentos) também ajudou companhias novas a ganharem força, o que deveria ter sido o carro-chefe do programa, segundo especialistas.

    O setor de energia eólica obteve R$ 140 milhões em créditos subsidiados do programa para se instalar no país. Essa indústria cresceu, está estruturada e, segundo o BNDES, já é competitiva internacionalmente, além de elevar a produção nacional de energia.

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    A Azul, empresa aérea novata e que entrou para competir em um mercado fechado liderado por TAM e Gol, conseguiu R$ 1 bilhão para a compra de aviões feitos pela Embraer, também nacional. Hoje ela tem 18% do mercado nacional de aviação.

    Esses casos são exceção e deveriam ser a regra. Segundo os professores do Insper Marco Bonomo, Ricardo Brito e Bruno Martins, a política de juros subsidiados pode ser adequada para indústrias novas e em formação, como forma incentivo ao desenvolvimento e a novas tecnologias.

    Nem mesmo as linhas do PSI destinadas diretamente à inovação tiveram muita procura. Entre 2009 e 2014, foram somente R$ 8 bilhões, pouco mais de 2% do total.

    QUEM GANHOU

    Os setores automobilístico, de petróleo e gás; e de siderurgia e mineração foram os mais beneficiados pelos juros baratos dados pelo governo pelo PSI entre 2009 e 2014.

    As companhias dessas áreas, em geral de grande porte e antigas, sempre tiveram mais facilidade de conseguir créditos.

    Considerando os 31 maiores tomadores de empréstimos subsidiados, metade é ligada a setores que já movimentavam a economia do país. Além disso, sempre tiveram acesso a recursos e vinham crescendo sem a necessidade de que o caixa público bancasse parte de seus investimentos e gastos.

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    No setor automobilístico, as empresas receberam recursos subsidiados para ampliar suas fábricas no Brasil e para exportar veículos.

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    Além disso, houve também um grande incentivo à compra de veículos produzidos no país. De cada R$ 3 emprestados no PSI, um era para comprar ônibus e caminhão (R$ 122 bilhões). A JSL (Julio Simões Logística), empresa do setor de transporte, obteve R$ 2 bilhões para a ampliação de sua frota.

    No caso da Petrobras, além dos créditos para a estatal, seus fornecedores também foram beneficiados.

    A mineradora Vale, que recebeu R$ 1,7 bilhão, teve R$ 1,3 bilhão emprestado para sua companhia ferroviária, a VLI. A Samarco, controlada pela Vale, obteve R$ 407 milhões do programa do BNDES.

    Essas grandes empresas também tiveram melhores prazos e juros para pagar seus empréstimos. Em média, a Petrobras tem que pagar 4,2% ao ano de juros pelos recursos que pegou. A média para todos os empréstimos ficou na casa dos 5,1%.

    Para os 100 maiores empréstimos, todos acima de R$ 200 milhões e que somam R$ 32,5 bilhões, a média dos juros ficou em 4%, com prazo médio para pagar de 105 meses (27 de carência).

    A pedido da Folha, Jorge Augustowski, diretor-executivo de economia da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), calculou que esses 100 empréstimos custarão R$ 8,4 bilhões ao país em 10 anos, caso a taxa Selic (referência para o custo) baixe gradualmente para 7% neste período.

    "Só para os próximos dois anos, de aperto econômico, os custos desses empréstimos serão R$ 4,5 bilhões", disse Augustowski.

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