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    4 coisas sobre o tombo dos mercados chineses - e seu efeito no Brasil

    KARISHMA VASWANI
    EDITORA DO SERVIÇO INDONÉSIO DA BBC

    04/01/2016 18h27

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    Pregão chinês teve negociações interrompidas após cair 7%
    Pregão chinês teve negociações interrompidas após cair 7%

    O tombo dos mercados acionários chineses derrubou nesta segunda-feira as principais bolsas de valores do mundo, entre elas a brasileira.

    No primeiro dia de operações de 2016, a Bovespa opera em baixa. Já o dólar ultrapassou a barreira de R$ 4.

    O dia também está sendo de perdas no resto do mundo, com as bolsas dos Estados Unidos e da Europa registrando índices negativos.

    Pela manhã, o dólar acumulava alta frente a 15 das 24 moedas emergentes ─ o real era a que mais se desvalorizava diante da moeda americana.

    O movimento reflete os temores dos investidores sobre um crescimento menor da economia da China neste ano, após os dados da indústria terem vindo mais fracos do que o esperado ─ foi a décima queda consecutiva em dezembro.

    Logo após a divulgação do indicador, o pregão chinês despencou 7% e acabou suspenso devido à adoção de um novo sistema conhecido como "circuit breaker". O mecanismo, que existe em vários países do mundo, inclusive no Brasil, interrompe automaticamente as negociações de compra e venda de ações sempre que há volatilidade excessiva nos mercados.

    O setor industrial chinês vem lutando contra a fraca demanda interna do país. Segundo o FMI, a previsão é de que a economia da China cresça 6,3% neste ano. Se confirmado, seria o menor valor em mais de duas décadas.

    A desaceleração do gigante asiático tende a produzir efeitos negativos em todo o mundo, o que pode dificultar a recuperação da economia brasileira.

    Confira abaixo quatro fatores por trás do tombo nos mercados chineses nesta segunda-feira - e, em quinto, seu efeito no Brasil.

    1 - Atividade industrial mais fraca

    De acordo com analistas, os dados ruins sobre a atividade industrial da China foram a principal razão para o tombo do pregão desta segunda-feira. O indicador veio mais fraco do que o esperado - houve contração pelo décimo mês consecutivo em dezembro.

    As estatísticas são um reflexo da transformação da economia chinesa, cada vez mais dependente do setor de serviços e menos da indústria, que, por sua vez, vem atraindo menos investimentos estatais.

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    Dados sobre atividade industrial na China vieram mais fracos do que o esperado
    Dados sobre atividade industrial na China vieram mais fracos do que o esperado

    2 - Implantação do 'circuit breaker'

    Este foi o primeiro dia em que o sistema conhecido como "circuit breaker" foi colocado em prática.

    O mecanismo suspende automaticamente a negociação de compra e venda de ações sempre que há volatilidade excessiva em momentos atípicos no mercado.

    No caso da China, o pregão foi interrompido por 15 minutos quando houve uma queda acumulada de 5%.

    Quando as ações voltaram a ser negociadas, e os papéis registraram perdas de 7%, as operações das bolsas de valores ─ de Xangai e de Shenzhen ─ foram completamente paralisadas.

    As medidas foram implementadas no ano passado por causa do crash da bolsa chinesa, mas só entraram em vigor nesta segunda-feira.

    O "circuit breaker" não é uma particularidade do mercado chinês e existe em vários países, inclusive no Brasil.

    No entanto, é pouco comum que todo o pregão seja suspenso por causa de uma queda de 7% ─ uma indicação de que talvez as autoridades chinesas queiram evitar a todo custo um novo crash da bolsa.

    3 - Yuan mais fraco

    Houve uma depreciação acentuada do yuan pouco antes do tombo do pregão chinês. A China desvalorizou a moeda do país frente ao dólar para o menor valor em quatro anos e meio.

    Especula-se que o Banco Central chinês tenha abandonado a tentativa de manter o valor do yuan frente ao dólar, o que significa que a autoridade monetária não deve continuar intervindo para segurar a cotação da moeda.

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    Governo chinês desvalorizou yuan antes de tombo dos mercados
    Governo chinês desvalorizou yuan antes de tombo dos mercados

    No entanto, crescem as preocupações de que esteja havendo uma fuga de recursos da China e que esse movimento possa sair do controle.

    Investidores estão temerosos do que pode acontecer se o yuan continuar a perder valor - e o risco que isso pode acarretar para o futuro da economia chinesa, ante a posição do governo de continuar defendendo uma maior depreciação da moeda para incentivar as exportações.

    4 - Venda de ações

    Pessoas físicas que investem na bolsa são facilmente influenciáveis e tendem a agir conforme a maioria, movimento popularmente conhecido como "efeito manada".

    Ou seja, quando ouvem de corretores ou amigos que outras pessoas estão vendendo suas ações, também tendem a se desfazer de seus papéis. E quanto mais o preço dessas ações cai, maior é o volume vendido.

    Apesar de os papéis ainda estarem acima de suas mínimas históricas, as autoridades chinesas querem evitar o crash da bolsa que ocorreu no verão passado.

    5 - Brasil

    Para o Brasil, a volatilidade no mercado chinês pode aprofundar a recessão e atrasar ainda mais a recuperação da economia.

    Isso porque a turbulência no gigante asiático acende uma "luz vermelha" sobre outros mercados emergentes. Avessos ao risco, investidores tendem a retirar recursos desses países, derrubando as moedas locais.

    "No caso do Brasil, essa contaminação tem um impacto ainda maior porque nosso mercado financeiro é bastante aberto, maior e mais líquido do que do de outros países", explica André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.

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