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    o impeachment

    Mercado tenso impõe ao governo cautela no estímulo à economia

    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA

    05/01/2016 02h00

    A presidente Dilma Rousseff encomendou à sua equipe medidas para estimular a economia, mas o primeiro dia útil do ano, com turbulências no mercado, mostrou que o governo não poderá se descuidar nem afrouxar o ajuste fiscal. Caso contrário, a situação da economia brasileira pode piorar, em vez de melhorar.

    Essa foi a avaliação de assessores presidenciais nesta segunda (4), quando o dólar fechou acima de R$ 4 e a Bolsa caiu 2,79%, diante de pressões da economia chinesa.

    Mais do que nunca, disse um auxiliar, o objetivo da presidente será cumprir o que prometeu na posse de Nelson Barbosa na Fazenda. Adotar medidas para melhorar o ambiente da economia, mas seguir com foco no ajuste fiscal e garantir o cumprimento da meta de superavit primário 0,5% do PIB neste ano.

    O Planalto quer afastar a ideia de que, com a troca na Fazenda, passaria a dar prioridade à retomada do crescimento, deixando o lado fiscal em segundo plano, como tem sugerido o PT.

    Em nota, o partido da presidente defendeu medidas de estímulo à economia, condenou corte de gastos e foi contra nova alta na taxa de juros.

    A orientação da presidente à sua equipe é montar uma agenda de medidas, a ser discutida com empresários e trabalhadores, que conjugue ações para retomar o crescimento em 2017 e reequilibrar as contas públicas no médio e longo prazos com a adoção de reformas estruturais, como a da Previdência.

    Dilma quer debater essa agenda com o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o "Conselhão", o que deve ocorrer no final deste mês ou em fevereiro. Antes, ela vai renovar os integrantes do grupo, entre os quais estão dois empresários presos na Lava Jato —-Marcelo Odebrecht e José Carlos Bumlai.

    Na área de estímulo à economia, as medidas não devem ter custo fiscal, mas estão em estudo ações "pontuais" na liberação de crédito para alguns setores a fim de conter a retração da economia em 2016 e buscar reaquecê-la no ano que vem.

    Está descartada, porém, a volta ao modelo de forte liberação de crédito via bancos públicos, com juros abaixo da inflação, como ocorreu no primeiro mandato de Dilma.

    Na área fiscal, a presidente quer obter também o apoio do empresariado para aprovar a recriação da CPMF, considerada essencial para cumprir a meta fiscal deste ano.

    Nesta segunda, a presidente se reuniu, por quase três horas, com Barbosa no Planalto, quando avaliaram o cenário econômico deste primeiro dia útil do ano.

    Na avaliação do novo ministro da Fazenda, o governo precisa, mais com ações do que com discursos, reconquistar a confiança não só do mercado financeiro mas do empresariado e do consumidor.

    Em sua opinião, a retomada do crescimento virá no momento que os agentes financeiros se convencerem de que o governo irá cumprir suas metas fiscais, de forma realista, e o setor real da economia acreditar nas medidas que serão lançadas neste ano.

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