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    o impeachment

    Produção industrial recua 2,4% em novembro com greve e desastre em MG

    BRUNO VILLAS BÔAS
    DO RIO

    07/01/2016 09h20 - Atualizado às 21h59

    Num mês de greve dos petroleiros na bacia de Campos e o desastre ambiental em Mariana (MG), a produção da indústria recuou 2,4% em novembro em relação ao mês anterior, informou o IBGE nesta quinta-feira (7).

    Foi o pior resultado desde dezembro de 2013 (-2,8%) e a sexta queda consecutiva do indicador, algo jamais registrado na série histórica da pesquisa, iniciada em 2002.

    A indústria já vinha desligando máquinas ao longo do ano numa tentativa de se adequar ao cenário de crise econômica, com demanda enfraquecida e estoques elevados.

    "Para além do que já temos visto, a novidade no mês foi o rompimento da barragem e a greve dos petroleiros, que afeta a extração e o refino de petróleo", disse André Macedo, gerente de coordenação de Indústria do IBGE. "Os dois eventos são a novidade de uma indústria que já vinha sendo afetada pela menor demanda e por estoques elevados, além falta de confiança dos empresários", afirmou.

    Produção industrial - Variações em %

    Trata-se da 21ª queda consecutiva da produção nessa base de comparação, a mais longa da série iniciada em 2002.

    Os economistas consultados pela agência Bloomberg esperavam, em média, que a produção industrial caísse 1% em novembro sobre o mês anterior. E tivesse queda de 10,3% frente ao mesmo mês de 2014.

    Faltando a divulgação de um mês para completar o ano, a produção da indústria recua 8,1% em 2015 –a maior baixa para o período desde 2009 (-9%).

    No acumulado dos últimos 12 meses até novembro, a produção teve queda de 7,7%.

    INVESTIMENTOS

    Termômetro dos investimentos, o setor de bens de capital (que inclui máquinas, equipamentos e caminhões) teve recuo 1,6% sobre outubro e 31,2% ante novembro de 2014.

    "Empresário com a indústria ociosa prefere não investir", disse Rafael Fernandes Cagnin, economista do Iedi.

    Para o banco Fator, o resultado do mês aponta para uma queda de 8,5% da indústria no ano passado fechado. A Rosenberg Associados prevê queda de 8,3% em 2015 e uma perda "contratada" de 4,5% em 2016.

    Segundo o Bradesco, o resultado de novembro sugere uma indústria ainda enfraquecida nos próximos meses e uma contração de 1,5% no PIB do quarto trimestre sobre o trimestre anterior.

    Produção industrial - Queda por setores em novembro ante novembro de 2014, em %

    PETRÓLEO E MINÉRIO

    De outubro para novembro, a indústria extrativa —que inclui a produção de minério de ferro bruto e em pelotas e de petróleo e gás— teve uma queda de 10,9% na comparação com o mês imediatamente anterior.

    A greve dos petroleiros foi iniciada em 28 de outubro e durou um mês. Na mobilização, os trabalhadores interromperam parte da produção de plataformas da bacia de Campos, principal região produtora do país.

    A greve também afetou a atividade de refino no país. A produção de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis teve queda de 7,8%.

    Já a produção de minério foi afetado pelo rompimento da barragem da Samarco (joint venture da BHP Billiton e Vale) em Mariana. A Samarco tem capacidade para produzir 30,5 milhões de toneladas de pelotas ao ano.

    CATEGORIAS

    Dos 24 ramos pesquisados pelo IBGE, 14 tiveram baixa na produção em novembro, além de três das quatro grandes categorias econômicas.

    Além dos dois ramos mencionados, outras contribuições importantes para a queda da produção de outubro para novembro vieram de produtos alimentícios (-2,2%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-6%).

    Dos dez setores com expansão no mês, os que mais contribuíram positivamente, considerando seus pesos na indústria geral, foram veículos automotores, reboques e carrocerias (1,3%), metalurgia (1,4%) e bebidas (1,4%).

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