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    Crise pode estimular negociações com a moeda digital no Brasil

    GIULIANA VALLONE
    DE SÃO PAULO

    11/01/2016 02h00

    Moacyr Lopes Junior - 18.nov.2015/Folhapress
    Adolfo Delorenzo, dono da The Brownie Shop, que passou a aceitar pagamentos com a bitcoin
    Adolfo Delorenzo, dono da The Brownie Shop, que passou a aceitar pagamentos com a bitcoin

    A crise econômica também pode ajudar a expandir o uso do bitcoin no Brasil, dizem participantes do setor. De acordo com eles, com o aumento das incertezas e a forte desvalorização do real no último ano, a moeda digital pode ser um investimento rentável –e uma maneira de proteger seus rendimentos da inflação e da alta do dólar.

    "O real se desvalorizou cerca de 50% no último ano, e acreditamos que essa é uma ótima oportunidade para que as pessoas se envolvam com o bitcoin", diz Michael Dunworth, da start-up americana Snapcard.

    O Mercado Bitcoin, site que comercializa moedas digitais, aposta na divisa como forma de investimento em meio à turbulência. Segundo a empresa, o bitcoin se valorizou em 92% entre 1º de janeiro e 11 de dezembro deste ano –na semana passada, era negociado a R$ 1.909. "O Bitcoin foi o investimento com melhor rentabilidade no Brasil no ano de 2015", afirma texto divulgado pelo site.

    Criado em 2009 por um programador anônimo, o bitcoin é uma moeda digital sem vínculo com autoridades monetárias. É comprado em casas de câmbio especializadas. Sua vantagem é a transferência fácil, imediata e sem taxas para qualquer parte do mundo.

    A compra da moeda digital como forma de investimento, no entanto, deve ser vista com cautela. "Não é para se proteger [da crise]. As pessoas devem entender que o bitcoin é simplesmente uma forma de especulação, como um outro ativo", diz Michael Viriato, do Insper.

    "Ela está com uma volatilidade muito grande. Imagine se a moeda cai 50% em um mês e você comprou para ter dinheiro para fazer uma viagem para o exterior. Como moeda, o bitcoin não te trará tranquilidade."

    Economistas argumentam, também, que não há parâmetro para o preço pago pela moeda digital. O real, por exemplo, está vinculado ao desempenho da economia brasileira. Quando algo vai mal, ele perde valor.

    A cotação do bitcoin, no entanto, está ligada apenas à oferta e demanda pela divisa, algo que não pode ser previsto pelo desempenho de nenhum outro ativo ou economia, especificamente. "Na moeda de um país, existe um certo controle", diz Viriato.

    Já Rodrigo Batista, do Mercado Bitcoin, argumenta que o bitcoin é, sim, uma boa aplicação financeira, desde que os investidores estejam cientes de seus riscos.

    "É um investimento de risco alto. Comprar é como investir dinheiro numa start-up de pagamentos eletrônicos", afirma.

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