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    Bandeirantes dos EUA agora vendem biscoitos digitalmente

    ELIZABETH OLSON
    DO "NEW YORK TIMES"

    11/01/2016 10h48

    Agora que as bandeirantes dos Estados Unidos começaram a vender seus biscoitos por via digital, grandes empresas decidiram acompanhá-las em sua aventura na Internet.

    Em janeiro do ano passado, a organização Girl Scouts of U. S. A., as bandeirantes dos Estados Unidos, permitiu pela primeira vez a venda on-line de seus famosos biscoitos, depois de anos de restrição à prática por conta de temores quanto à segurança das transações online. Das 194 milhões de caixas de biscoitos vendidas em 2015, cerca de 2,5 milhões, ou o equivalente a US$ 10 milhões, em biscoitos Thin Mints e de outras variedades foram vendidas na Internet, de acordo com a organização.

    Este ano, Visa e Dell estão investindo um total estimado em US$ 3 milhões para ajudar a atualizar a plataforma digital de venda de biscoitos das bandeirantes. O dinheiro foi direcionado à inclusão de jogos, vídeos, concursos de conhecimento e músicas na plataforma digital, e à promoção de cursos de matemática e tecnologia, como parte do interesse dessas empresas em promover presença feminina ampliada no setor tecnológico.

    "É o perfeito casamento entre a tecnologia e um programa de liderança de ponta, para capacitar as meninas em termos digitais, sociais e financeiros", disse Ellen Richey, vice-presidente de gestão de risco e políticas públicas na Visa, sobre o fornecimento de treinamento e tecnologia por sua empresa ao programa de venda de biscoitos.

    Os recursos adicionais devem encorajar mais meninas a tomar parte da campanha anual de venda de biscoitos, que arrecada dinheiro para as atividades da organização e as ajuda a desenvolver capacidades de marketing, administração de orçamentos e planejamento de metas. As bandeirantes também podem aceitar encomendas físicas usando um app em seus celulares, ou convidar os compradores a visitar um site personalizado.

    Essa é a primeira colaboração entre a Visa e a Girl Scouts, e seu sistema de pagamentos Visa Checkout pode ser usado no processamento das vendas de biscoitos. A Visa se recusou a especificar um valor monetário para seu envolvimento, que inclui tempo doado por seus funcionários.

    A Dell, que estabeleceu seu relacionamento com as bandeirantes norte-americanas em 2012, ajudou a criar um app para o site de venda digital de biscoitos, e investiu mais de US$ 2,5 milhões no projeto, o que inclui a doação de centenas de tablets a bandeirantes desprovidas de recursos, para que elas possam participar do programa de venda digital de biscoitos. Até 2018, a Dell espera fornecer laptops e tablets a quatro mil meninas de comunidades de baixa renda, de acordo com Trisa Thompson, vice-presidente de responsabilidade empresarial da companhia.

    "As Girl Scouts estão criando a próxima geração de empreendedoras. Queremos ajudar a equipar a força de trabalho do amanhã", ela disse. "Se você começa a trabalhar com as meninas na idade certa, pode despertar seu entusiasmo".

    Uma das meninas envolvidas é Olivia Cranshaw, 13, de Manhattan, uma das bandeirantes que mais vendem biscoitos na região de Nova York. Ela vende biscoitos desde que estava na primeira série, e se adaptou rapidamente ao formato digital.

    Cranshaw recentemente produziu um vídeo, que a mostrava galgando uma encosta em uma viagem de exploração das bandeirantes no final do ano passado, e nele falou sobre sua meta - a venda de 1,5 mil caixas de biscoitos este ano - e de seu plano de direcionar o dinheiro que ela faturar à pesquisa de curas para o câncer.

    As tropas de bandeirantes têm o direito de direcionar entre 10% e 20% do dinheiro que arrecadam com os biscoitos para projetos, caridades ou viagens de sua escolha. Uma caixa de biscoitos custa por volta de US$ 4, a depender do local.

    Cranshaw diz que o vídeo permitiu que ela "contasse um pouco mais sobre mim às pessoas. Que jogo futebol, e sou faixa preta em artes marciais". A plataforma expandida para a venda de biscoitos, ela diz, "vem sendo uma ferramenta muito útil para me comunicar com minha avó na Virgínia, minha outra avó na Flórida e meus amigos em diferentes lugares".

    No ano passado, ela vendeu 1.647 caixas de biscoitos, ante as cerca de 200 que vendeu em seu primeiro ano no trabalho, quando ela montou uma bancada para venda de biscoitos diante de sua escola primária.

    A despeito do patrocínio de grandes empresas, as Girl Scouts estão enfrentando cisões internas sobre a importância que o aprendizado financeiro e o empreendedorismo deveriam receber na organização centenária.
    O quadro de membros das bandeirantes dos Estados Unidos é hoje de 1,88 milhão de meninas, cerca de 6,2% abaixo do total do ano passado, e também aquém dos 2,1 milhão de integrantes três anos atrás.

    Algumas meninas expressaram publicamente sua insatisfação com a ênfase em vender biscoitos. Em novembro, cinco meninas de Santa Rosa, Califórnia, tentaram aderir aos escoteiros (Boy Scouts), afirmando que desejam participar de mais atividades físicas, como acampamentos e escaladas, em lugar de atividades comuns das bandeirantes como a venda de biscoitos.

    Anna Maria Chávez, presidente-executiva das Girl Scouts, disse que a tecnologia é essencial para o futuro da organização.

    "Estamos redobrando nosso esforço quanto à tecnologia", ela disse. "Mais recursos digitais encorajarão mais meninas a participar das vendas online de biscoitos, e estamos introduzindo ferramentas online que tornarão mais fácil e rápido recrutar bandeirantes e adultos, o que simplificará o processo para quem se deseja tornar bandeirante".

    No ano passado, 160 mil bandeirantes começaram a usar o programa digital de venda de biscoitos. Ainda assim, o total de vendas de biscoitos em 2015 foi um milhão de caixas mais baixo que o de 2014. Mas Chávez afirmou esperar que as vendas, que ficaram em pouco menos de US$ 800 milhões na temporada de biscoitos do ano passado, venham a subir quando mais bandeirantes puderem criar sites para a venda de cookies.

    Para encorajar a participação, a organização solicitou comentários das meninas que venderam biscoitos no ano passado e criou novos recursos como o jogo "Cookie Booth Bounce", cujo objetivo é ensinar as bandeirantes a trabalhar com orçamentos e decisões, para ajudá-las a interagir com a organização, disse Chávez.

    Tanto a Dell quanto a Visa estão anunciando sua contribuição pela inserção de seus nomes - grafados no verde tradicional das bandeirantes - no site de venda de biscoitos e na home page do app para celulares.

    As companhias também estão oferecendo horas de colaboração voluntária de seus funcionários para eventos como uma oficina, em julho passado, na qual oito funcionárias da Visa treinaram um grupo de bandeirantes no uso de um programa de design de sites, ensinaram-lhes técnicas de vendas e como selecionar seu público. Outra oficina da Visa, em setembro, envolveu o teste de diversas inovações em sistemas de pagamentos pelas bandeirantes, entre as quais o Visa Checkout e escolhas concorrentes como o Samsung Pay.

    Na Dell, Thompson, que mencionou a presença de diversas antigas bandeirantes nas fileiras de funcionários da companhia, não se deixa abalar pelas preocupações quanto ao programa de venda digital.

    "A Dell quer reforçar seu compromisso de descobrir mais oportunidades de orientar e colaborar voluntariamente com as meninas, inclusive de forma remota, e com oportunidades de treinamento a distância", ela disse. "Nossos esforços ainda estão na infância".

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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