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    Tecnisa muda alvo e visa lançamentos de até R$ 400 mil

    TATIANA FREITAS
    DE SÃO PAULO

    12/01/2016 02h00

    Tradicionalmente voltada à construção de empreendimentos de alto padrão, a Tecnisa mudou o alvo para atravessar a crise neste ano.

    A incorporadora vai priorizar imóveis com valor entre R$ 300 mil e R$ 400 mil, segmento em que a demanda é maior e a compra pode ser financiada com recursos da linha pro-cotista do FGTS.

    "Não é o nosso carro-chefe, mas será o foco neste ano", diz o diretor-executivo técnico da Tecnisa, Fabio Villas Bôas. "O setor está se adaptando à situação atual. Não podemos ficar parados esperando a crise passar. O preço vai diminuir um pouco, mas a demanda continua."

    A empresa já tem os terrenos onde pretende erguer esses projetos, em regiões como Diadema, ABC e zona leste da cidade de São Paulo.

    O segmento de altíssimo padrão, considerado mais resiliente à crise, seria outra opção para manter os lançamentos, mas a companhia não possui terrenos nesse perfil, segundo o executivo.

    O único lançamento da empresa nesse mercado será um empreendimento de apenas 12 unidades em Pinheiros, com apartamentos de até 600 metros quadrados.

    A companhia pretende ainda retomar em 2016 os lançamentos no Jardim das Perdizes, projeto erguido numa área de 250 mil metros quadrados na Barra Funda, zona oeste de São Paulo.

    A empresa prepara para oferecer ao mercado três torres residenciais: uma de alto padrão, outra com unidades compactas e um terceiro projeto para a terceira idade.

    No ano passado, a Tecnisa fez apenas um lançamento, em Osasco (SP).

    Apesar de se preparar para um ano mais agitado, Villas Bôas prevê lentidão na recuperação do mercado, que depende de melhoras nas condições de crédito, do emprego e na confiança do consumidor.

    ENTREGA

    Nesta terça-feira (12), a companhia entrega as três primeiras torres residenciais do Jardim das Perdizes, quatro meses antes do previsto, segundo a empresa. As unidades foram lançadas em abril de 2013.

    Na quarta (13), serão entregues mais três prédios, também com quatro meses de antecedência, e em fevereiro será a vez de outros dois empreendimentos, com duas torres cada um.

    "A entrega dessas unidades reduz em R$ 1 bilhão a dívida de financiamento de obras da empresa", diz Villas Bôas. A dívida líquida da companhia, ao final do terceiro trimestre de 2015, era de R$ 1,9 bilhão.

    De acordo com o executivo, a entrega antecipada teve a ajuda da desaceleração do mercado imobiliário. Com o aumento na oferta de serviços, a empresa também economizou R$ 70 milhões na construção das unidades que estão sendo entregues, o equivalente a 18% do custo total da obra.

    Estão em construção, no mesmo local, uma torre de salas comerciais, um edifício corporativo, um pequeno shopping e mais um prédio residencial.

    Segundo o executivo, 85% do que foi lançado no Jardim das Perdizes foi vendido e o percentual de devolução dos imóveis, os distratos, é um dos menores da história da empresa.

    Considerando todos os projetos da Tecnisa, os distratos representam de 25% a 30% das vendas brutas, percentual abaixo da média do mercado. Segundo relatório da Fitch Ratings, com dados de nove empresas do setor, o percentual de distratos foi de 41% nos primeiros nove meses de 2015. A devolução de apartamentos comprados na planta, segundo a Fitch, foi equivalente a R$ 4,9 bilhões no período.

    Para enfrentar esse problema, que para o executivo foi provocado pela queda na confiança e pelo aperto no crédito, a empresa procurou negociar com os compradores, possibilitando a troca de uma unidade por outra menor. "É melhor do que perder a venda", diz.

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