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    Cortes da Petrobras são positivos, mas desafios persistem, avalia Moody's

    NICOLA PAMPLONA
    DO RIO

    14/01/2016 12h28

    A agência de classificação de risco Moody's afirmou nesta quinta (14) que o corte de investimentos anunciado pela Petrobras é positivo, pois ajuda a preservar o fluxo de caixa, mas não elimina os desafios que a empresa enfrenta.

    "A Petrobras vai continuar operando em condições difíceis. Como resultado, a qualidade de seu crédito permanece sob considerável estresse no curto e no médio prazo", comentou Nymia Almeida, vice-presidente e executiva sênior de crédito da agência.

    Na terça (12), a Petrobras divulgou ao mercado nova revisão de seu plano de negócios para o período entre 2015 e 2019, que traz um corte de US$ 32 bilhões nos investimentos.

    Para Almeida, ao cortar investimentos em níveis bem superiores do que sua meta de produção, a Petrobras aposta na possibilidade de preços "muito baixos" para equipamentos e serviços no período.

    "O impacto real (na produção) vai depender de muitos fatores, incluindo a natureza dos cortes, o preço pago por equipamentos e diárias de serviços e contínuos ganhos de produtividade", diz relatório distribuído nesta quinta pela Moody's.

    O texto ressalta que a fragilidade da economia brasileira, a volatilidade do petróleo e do câmbio, além de dificuldades na venda de ativos e no cenário político são fatores que limitam a capacidade financeira da companhia neste momento.

    A revisão do plano de negócios da Petrobras foi vista com desconfiança pelo mercado, principalmente pelo fato de ser baseado no preço do petróleo a US$ 45 por barril – enquanto as cotações chagavam na casa dos US$ 30 por barril.

    A estatal prepara um novo plano de negócios, para o período entre 2016 e 2019, que pode trazer nova projeção de preços e, consequentemente, novos cortes no investimento.

    ENTENDA

    Na terça-feira (12) a Petrobras anunciou corte de 36% dos gastos, para uma média anual de US$ 19 bilhões no período de 2017 a 2019, contra estimativa anterior de US$ 28,8 bilhões. A estatal tem cerca de US$ 24 bilhões em dívida vencendo nos próximos dois anos.

    Segundo a empresa, o corte tem por objetivo adequar os gastos ao novo cenário de preços do petróleo e de taxa de câmbio. Do total cortado, US$ 21,2 bilhões representam "otimização de portfólio", ou seja, adiamento ou alteração em projetos. O restante é efeito da alteração das projeções de câmbio sobre os gastos em reais.

    O novo orçamento destina 81% dos recursos para a área de exploração e produção, com foco no pré-sal. Outros 10% vai para a área de refino. A empresa não detalhou os projetos.

    Com os cortes, informou a companhia, a meta de produção de petróleo para 2020 cai de 2,8 para 2,7 milhões de barris por dia.

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