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    Brasil quer triplicar comércio com Irã em cinco anos

    ISABEL FLECK
    DE SÃO PAULO

    19/01/2016 02h00

    Diante da revogação das sanções dos EUA e da União Europeia contra o Irã, anunciada no último sábado (16), o governo brasileiro estima que o país triplicará a corrente de comércio com Teerã em um prazo de cinco anos.

    Em 2015, o comércio bilateral foi de US$ 1,67 bilhão – 30% inferior ao de 2011, antes do endurecimento das sanções e quando foi registrado o auge da balança entre os dois países: US$ 2,37 bilhões (98,5% foi representado por exportações brasileiras).

    "Acho que podemos, no curto prazo, em um horizonte de cinco anos, triplicar a nossa corrente de comércio com o Irã", disse o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Armando Monteiro, à Folha.

    Monteiro esteve à frente de uma missão com 33 empresas e entidades setoriais brasileiras que visitou o Irã em outubro de olho no mercado de quase 80 milhões de consumidores, que estava represado por causa das sanções.

    Há a expectativa de que, em março ou abril, ocorra, em Brasília, a primeira reunião de uma comissão mista de temas econômicos com representantes dos dois governos.

    Pedro Ladeira/Folhapress
    Ministro Armando Monteiro (Desenvolvimento) liderou missão comercial que visitou Irã em outubro

    O Brasil também estaria considerando um acordo de facilitação de investimentos com o Irã, como o que foi assinado em 2015 com países como México, Colômbia e Chile.

    O Brasil nem de longe está sozinho no interesse sobre o mercado iraniano. Missões de países como Alemanha e França passaram pelo Irã nos últimos meses na expectativa do anúncio do fim das sanções.

    O governo e os exportadores, contudo, esperam que a proximidade política que o Brasil manteve com Teerã nos últimos anos sirva como diferencial na corrida pelos consumidores iranianos.

    "Politicamente, nos últimos anos, o Brasil não foi hostil ao Irã. E isso, possivelmente, vai se reverter em exportações do Brasil para aquele país", afirma José Augusto de Castro, presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).

    Segundo o diretor do Departamento de Promoção Comercial e Investimentos do Itamaraty, Rodrigo Azeredo, essa mensagem ficou clara durante a missão comercial em outubro. "Em vários segmentos, o Brasil é muito competitivo e eles reconhecem no Brasil uma relação de confiança e amizade."

    As sanções suspensas afetavam as exportações brasileiras mais por dificultarem as transações bancárias. Como bancos brasileiros tinham receio de serem penalizados nos EUA e na Europa pelo contato com bancos iranianos, as transações tinham que ser feitas por terceiros países.

    COMMODITIES

    Outro obstáculo que deve ser minimizado é a falta de navios, que elevava o custo do frete, segundo o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, Antonio Camardelli. "Vamos trabalhar para recuperar os áureos tempos do Irã", diz.

    Commodities como carnes, milho e soja representam mais de 98% dos produtos exportados pelo Brasil ao Irã hoje, e, segundo especialistas, devem seguir sendo o carro-chefe das exportações ao Irã.

    Camardelli acredita que, neste ano, o Irã volte a figurar entre os cinco principais compradores de carne.

    A Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação diz ver possibilidade de expansão em setores tradicionais como proteína animal, cereais, açúcares e produtos de confeitaria, mas também em laticínios e lácteos.

    A Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), porém, vê boa oportunidade para a exportação de maquinário. "Haverá oportunidades ligadas ao petróleo e à indústria de base, para a reestruturação industrial", diz Klaus Curt Müller, diretor da Abimaq.

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    Colaborou FLÁVIA FOREQUE, de Brasília

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