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    Governo estuda liberar FGTS como garantia de empréstimo consignado

    MARIA CRISTINA FRIAS
    ENVIADA ESPECIAL A DAVOS

    22/01/2016 14h51

    Alan Marques/Folhapress
    Ministro da Fazenda, Nelson Barbosa concede entrevista coletiva no Palácio do Planalto
    Ministro da Fazenda, Nelson Barbosa concede entrevista coletiva no Palácio do Planalto

    O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, afirmou que o governo estuda a possibilidade de permitir que uma parcela da multa rescisória do FGTS possa ser usada como garantia em empréstimos consignados de trabalhadores da iniciativa privada.

    A sugestão foi feita pelas próprias instituições financeiras em 2015, enquanto Barbosa ainda estava no Planejamento, disse o ministro nesta sexta (22) ao encerrar sua participação no Fórum de Davos.

    "Ainda não há nenhuma decisão. Não sabemos que parcela da multa poderá ser usada, nem qual o potencial da medida para reduzir o juro, porque a demanda por crédito está pequena, não é um problema de oferta", frisou.

    Ressaltou também que precisa avaliar o impacto sobre o FGTS. A ideia surgiu porque empréstimos consignados para servidores subiram enquanto caiu o crédito para trabalhadores do setor privado, com a alta do desemprego.

    Com a iniciativa, pessoas demitidas, mesmo que ainda não tenham um consignado, poderão usar parte da multa para usufruir dessa modalidade de financiamento.

    O ministério estuda usar só parte da multa para evitar que o trabalhador fique sem recursos até achar outro emprego.

    Se aprovada, a medida poderá entrar em vigor ainda neste primeiro semestre.

    Em Davos, executivos do mercado financeiro ouvidos pela Folha disseram que o país não deveria adotar medidas que levem ao endividamento. "Comprometer o FGTS pode prejudicar o trabalhador que usará essa parcela do dinheiro para pagar dívida e ficar com menos recursos para se proteger", disse um deles.

    COBRANÇAS

    "Como vamos fazer para aprovar reformas mesmo com os problemas políticos do Brasil é uma pergunta recorrente", contou Barbosa.

    Em almoço fora do congresso, foi a vez de um executivo de um fundo de risco americano questionar o ministro. Ouviu que "é legítimo acreditar que as pessoas no Brasil vão responder a isso".

    Comparações de estrangeiros com a Argentina, cujo presidente, Mauricio Macri, tem atraído a atenção no Fórum, também foram frequentes.

    Questionado sobre a razão pela qual o Brasil não faz o que os argentinos estão fazendo no novo governo, Barbosa respondeu: "Já fizemos há 15 anos: câmbio flutuante, meta de inflação, tirar subsídios..."

    Ao comentário da Folha de que a independência do banco central argentino também vai entrar na lista, o ministro disse que o BC brasileiro "já tem autonomia operacional, então é um ponto que pode ser discutido depois".

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