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    'A Grande Aposta' chama atenção para livros sobre crise

    TONI SCIARRETTA
    DE SÃO PAULO

    23/01/2016 02h00 - Atualizado às 19h06
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    Justin Lane/Efe
    Bolsa de Nova York: baseado em livro, filme tenta explicar a origem da crise das hipotecas 'subprime'

    Baseado em livro do jornalista Michael Lewis, ex-funcionário do antigo banco de investimentos Salomon Brothers, o filme "A Grande Aposta" tem o mérito de tentar explicar a origem da crise das hipotecas "subprime" (segunda linha em 2008, e despertar o interesse pelas obras que surgiram sobre a maior crise financeira já vista.

    O tema virou um gênero de não ficção (e também de filmes), com 3.044 obras listadas na Amazon quando se procura pelo assunto.

    Bem escrita e com humor ácido, a publicação —como o filme, que concorre a cinco Oscar— é talvez uma das melhores narrativas sobre os variados erros de avaliação, omissões de reguladores e conflitos de interesse (ou promiscuidade) entre vendedores, compradores e avaliadores do risco dos títulos tóxicos do "subprime".

    É uma história de vencedores, portanto, parcial porque foi baseada na visão de poucos investidores (três fundos de investimento e um corretor de renda fixa do Deutsche Bank) que, antevendo o desastre, apostaram no desmantelamento do mercado de crédito imobiliário americano e lucraram muito com isso.

    ECONOMÊS

    O melhor do filme, que pode levar o Oscar de roteiro adaptado, é a forma debochada que usa para explicar o economês pomposo de Wall Street, que leva páginas seguidas no livro, escalando a cantora Selena Gomes em casino e o chef Anthony Bourdain na cozinha do seu restaurante. "Resumindo: é um cozido de peixe de três dias!", disse o chef.

    O filme carrega mais do que o livro no tom militante contrário à indústria financeira, que cresceu demasiadamente em relação ao setor financeiro. Por outro lado, tanto livro quanto filme frisam as denúncias de fraude na negociação de títulos (insinua que um banco vendia a outro, combinado preço, para não deixá-los desabarem) e de corrupção das agências de risco na hora de avaliar os papéis "subprime", considerados à época como de baixo risco de calote.

    Entre os livros que surgiram sobre a crise, a maioria resultam de teses acadêmicas sobre as falhas na regulação que permitiram tal horror financeiro ou propostas para evitar uma nova bolha capaz de causar tamanho estrago à economia global.

    Para os interessados em história, há uma série de livros sobre os bastidores e as memórias de poderosos da época como Alan Greenspan ("O Mapa e o Território") e Ben Bernanke ("The Courage to Act") ambos ex-presidentes do Federal Reserve (BC dos EUA), além de Henry Paulson, o ex-secretário do Tesouro dos EUA que ajudou a barrar o socorro ao banco Lehman Brothers, jogando o mundo financeiro ao território então desconhecido de caos e pânico na segunda-feira, 15 de setembro de 2008.

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