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    Dono da JBS vira réu em caso de fraude contra o sistema financeiro

    DA REUTERS

    26/01/2016 17h30 - Atualizado às 22h13

    Diego Giudice/Bloomberg
    A empresa de alimentos JBS é controlada pelo grupo J&F

    A Justiça Federal em São Paulo abriu processo contra nove pessoas ligadas à J&F, holding que controla o grupo JBS e o banco Original, e ao Banco Rural por crime contra o sistema financeiro.

    Entre os réus no processo, estão Joesley Batista, um dos filhos do fundador da JBS que hoje preside a J&F e o conselho de administração da JBS, João Heraldo dos Santos Lima, presidente do Banco Rural, e Kátia Rabello, condenada no processo do mensalão e então presidente da Trapézio, controladora do Banco Rural.

    A J&F diz que provará a inocência dos réus durante o processo. O Banco Rural não foi localizado (leia mais abaixo).

    A denúncia, acatada no último dia 19, é de autoria do procurador da República Sílvio Luís Martins de Oliveira.

    Segundo o Ministério Público Federal em São Paulo, eles participaram de uma sequência fraudulenta de operações financeiras e empréstimos bancários.

    Conhecida como "troca de chumbo", a operação consiste em transações triangulares entre duas instituições diferentes e integrantes de diferentes grupos para emitir crédito a empresas que fazem parte desses mesmos grupos.

    Empréstimos de uma instituição financeira a empresas controladas infringem as leis nº 4.595/64 e 7.492/86.

    ENTENDA O CASO

    Segundo a denúncia do MPF, o Banco Rural fez, no dia 22 de dezembro de 2011, operações de empréstimo no total de R$ 80 milhões a duas empresas do grupo de Batista (a holding J&F e a Flora, de higiene e limpeza), um dia depois de elas abrirem contas na instituição financeira.

    Descontados impostos e taxas, a quantia de R$ 79,3 milhões foi "imediatamente" transferida do Banco Rural para as contas da J&F e da Flora no Banco Original, também controlado pela holding presidida por Batista, de acordo com a denúncia do MPF.

    Quatro dias depois, a Trapézio, empresa presidida por Kátia Rabello, que também é acionista do Banco Rural, recebeu empréstimo no mesmo valor, de R$ 80 milhões, ao firmar contrato com o Banco Original. Na época, a instituição era presidida por Emerson Fernandes Loureiro.

    Após os descontos implícitos na operação, a quantia de R$ 79,2 milhões foi transferida para a conta da Trapézio no Banco Simples, que faz parte do conglomerado financeiro do Banco Rural.

    "Pela adoção dessa prática espúria, o Banco Original concedeu indiretamente empréstimo vedado às coligadas J&F Participações S.A. e Flora Produtos de Limpeza e Higiene S.A., integrantes do Grupo JBS. Por seu turno, o Banco Rural procedeu do mesmo modo em relação à empresa Trapézio S.A., sua holding controladora", diz trecho da denúncia.

    DENUNCIADOS

    Além de Joesley, João Heraldo e Kátia Rabello, foram denunciados por participação direta na suposta fraude o diretor financeiro da J&F, Antonio José Barbosa Guimarães, o presidente do Banco Original, Emerson Fernandes Loureiro, seu vice, José Eduardo Tobaldini Jardim, Plauto Gouveia, vice-presidente da Trapézio, o vice-presidente do Banco Rural, Vinícius Samarane, e o diretor financeiro da instituição, Wanmir Almeida Costa.

    O caso veio à tona em fevereiro de 2014, quando a Polícia Federal indiciou 17 pessoas por crime financeiro na mesma investigação.

    OUTRO LADO

    A J&F divulgou nota ressaltando que a JBS nem nenhum de seus executivos têm relação com o processo aberto pela Justiça Federal. As ações da JBS caíram 7,3% nesta terça, afetadas pelo noticiário envolvendo a denúncia.

    "O processo se refere a dois ex-executivos do Banco Original e dois atuais executivos da J&F Investimentos. Os denunciados sentem-se confiantes e preparados para, quando intimados, apresentar defesa provando sua inocência e a regularidade das operações financeiras", diz o texto da nota divulgada pela J&F.

    A reportagem não conseguiu localizar representantes do Banco Rural, que está em liquidação extrajudicial, para comentar o episódio.

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