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    China e países emergentes estão no centro da decisão japonesa sobre juros

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    30/01/2016 02h00

    Toshifumi Kitamura/AFP
    Presidente do banco central japonês, Haruhiko Kuroda, durante anúncio do corte da taxa de juros
    Presidente do banco central japonês, Haruhiko Kuroda, durante anúncio do corte da taxa de juros

    Terceiro maior PIB global, o Japão surpreendeu e adotou a política agressiva de juros negativos, visando estimular a economia local, que, como o restante do mundo, sofre com os efeitos da turbulência chinesa e a queda no preço do petróleo.

    A decisão do banco central japonês é um novo sinal de alerta sobre a economia global (a desaceleração americana foi outro dado preocupante divulgado nesta sexta), mas foi positiva –ao menos momentaneamente– para os mercados mundiais, animados com uma nova prova de que as grandes potências estão dispostas a agir para evitar uma nova crise.

    No Brasil, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, avançou 4,60%, ajudado pela valorização dos papéis da Petrobras. As ações preferenciais (mais negociadas) da estatal subiram 5,21%, para R$ 4,84. Os papéis ordinários (com direito a voto) ganharam 6,28%, a R$ 6,23.

    Nas Bolsas norte-americanas, os índices Dow Jones (que reúne 30 grandes empresas) e o S&P 500 (mais abrangente, envolve 500 companhias) subiram 2,5%. As Bolsas europeias também tiveram pregões de alta: Londres ganhou 2,6%, Paris, 2,2%, e Frankfurt, 1,6%.

    Além da decisão japonesa, pesou para os mercados a perda de força da economia dos EUA. O maior PIB global cresceu 0,7% no quarto trimestre de 2015 na taxa anualizada, após avançar 2% nos três meses anteriores.

    A desaceleração foi vista pelos investidores como um sinal de que o Fed (banco central dos Estados Unidos) terá de manter os juros no patamar atual (de 0,25% a 0,50%) por um período maior. Em dezembro, a instituição realizou a primeira alta na taxa em quase uma década.

    A próxima reunião do Fed está marcada para março.

    No pregão desta sexta, porém, o que mais pesou foi a ação do BC japonês. Ao reduzir a taxa de juros para -0,1%, ele, na prática, está cobrando dos bancos caso eles deixem reservas paradas no banco central. Ou seja, ele incentiva as instituições a emprestarem esse dinheiro para consumidores e empresas caso não queiram que seu patrimônio encolha.

    A estratégia do Japão não é nova. Suíça, Suécia e Dinamarca já adotaram juros negativos, o Banco Central Europeu (BCE) também recorreu em 2014 à essa política, ainda que não na taxa básica de juros, mas com o mesmo objetivo: forçar os bancos a emprestar. Ainda não está claro, porém, a efetividade dessa política.

    Para o presidente do BC japonês, a estratégia visa impedir que o atual cenário global estrague os esforços adotados nos últimos anos para mudar "o pensamento deflacionário" do país. O núcleo da inflação (que exclui alimentos e energia) subiu 0,5% em 2015, abaixo da meta de 2% anuais do banco central.

    "Aumentaram os riscos de a desaceleração chinesa e nos países emergentes e produtores de matérias-primas –que provocou instabilidade e volatilidade nos mercados desde o início do ano– prejudicar a confiança entre as companhias japonesas", afirmou Haruhiko Kuroda.

    Nesta semana, o Fed já havia manifestado preocupação com o cenário global.

    O banco central do país asiático manteve a política de comprar anualmente 80 trilhões de ienes (US$ 675 bilhões) em ativos para estimular a economia. O FMI estima alta de 1% para o PIB japonês neste ano e de 0,3% em 2017.

    Ele não deve ser o único a adotar políticas agressivas para conter as turbulências deste início de ano. O BCE também indicou neste mês que vai adotar novas ações de estímulo ao PIB da zona do euro no encontro de março.

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