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    Empreendedores 'tiozões' invadem mercado de start-up

    VINICIUS PEREIRA
    DE SÃO PAULO

    31/01/2016 02h00

    Karime Xavier/Folhapress
    Fabiany Lima, 36, que fundou start-up no ano passado

    Em um setor de movimento contínuo como o de start-ups, o único lugar-comum talvez seja a imagem de jovens que optam por investir em uma ideia.

    Porém, até esse clichê vem mudando com a entrada de profissionais mais experientes —quem tem mais de 30 anos nesse mercado é considerado "tiozão".

    Segundo a principal entidade do setor, a ABStartup, levantamento feito no ano passado mostrou que empreendedores entre 31 e 40 anos já representam 36% do total.

    "A maioria (44%) ainda é de empreendedores com até 25 anos, mas o deslocamento de pessoas mais velhas é uma tendência que vem sendo percebida nos últimos dois anos", diz Guilherme Junqueira, diretor-executivo da ABStartup.

    Segundo ele, a possibilidade de sucesso estimula a ida dos mais velhos ao mercado.

    "Eles viram que existem projetos que dão resultado mesmo sem conhecimento prático", afirma.

    Enquanto trabalhava na empresa familiar, Carlos Mira, 48, viu a possibilidade de negócio conectando caminhoneiros a possíveis fretes.

    "Fui chamado de idiota por trocar o certo pelo duvidoso", afirma Mira. Hoje, o aplicativo Truckpad, fundado por ele, conta com 60 colaboradores e já foi baixado por cerca de 300 mil caminhoneiros.

    A experiência traz segurança ao novo negócio, segundo os empreendedores.

    "Tenho um feeling muito mais apurado dos caminhos que a empresa deve seguir hoje e menos medo", afirma Andréa Miranda, 44, que decidiu fundar em 2014 a própria start-up voltada a marketing digital.

    EMPOLGAÇÃO NÃO É TUDO

    Segundo Bruno Rondani, 35, organizador do Movimento 100 Open Startups, que conecta empresas a investidores, o foco dos empreendedores mais experientes se encaixa no mercado.

    "O jovem tem muita empolgação, o que é legal, mas não é tudo. A média de alguém de sucesso está em 36 anos. Bons profissionais, gente mais madura; isso abre uma possibilidade enorme para os investidores", afirma.

    Após trabalhar em três start-ups, Fabiany Lima, 36, apostou na própria empresa há cerca de três anos, mas não teve sucesso. Só em uma outra tentativa, em 2015, é que conseguiu realizar o planejamento financeiro para sobreviver no mercado.

    "O empreendedor maduro consegue alocar recursos para a sustentação da empresa como um todo. O jovem tem muita inovação, mas a geração de dinheiro ao longo do tempo não acontece", diz.

    Para Junqueira, da ABStartup, o ideal em uma empresa de tecnologia é a junção entre a experiência e juventude.

    "A empresa perfeita seria o jovem empolgado com alguém experiente dando coordenadas", conclui.

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