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    Especialistas dão dicas para investir dinheiro da rescisão trabalhista

    TÁSSIA KASTNER
    DE SÃO PAULO

    01/02/2016 02h00

    Joel Silva/Folhapress
    Fila de desempregados em busca de vagas no Vale do Anhagabau

    Com taxa de desemprego perto dos 10%, não são poucos os trabalhadores que agora se deparam com a pergunta "entrou uma bolada na minha conta, o que eu faço?". Invista, é a recomendação de planejadores financeiros.

    Para eles, dois são os motivos principais para isso: evitar que o dinheiro da rescisão trabalhista –em muitos casos a poupança de uma vida– seja gasto rapidamente ou que, parado na conta, esse recurso se desvalorize devido à inflação em alta.

    "O momento é de ser conservador. A preocupação [do desempregado] não pode ser ganhar dinheiro [com investimentos], mas sim não perder", diz Álvaro Modernell, sócio-diretor em educação financeira da Mais Ativos.

    O valor da rescisão deve ser utilizado exclusivamente para que a família consiga pagar despesas mais básicas, como aluguel ou a parcela do financiamento imobiliário, contas de água e luz, alimentação no período de "vacas magras". Especialmente se o montante for suficiente apenas para um período de menos de um ano.

    Isso porque não há previsão de melhora no mercado de trabalho. No ano passado, o país perdeu 1,5 milhão de postos de trabalho. Em 2016, mais 2,2 milhões de vagas devem ser fechadas, segundo projeções de economistas.

    Neste cenário, Modernell considera a poupança um lugar confortável para quem terá dinheiro por menos de um ano."Em um prazo de até seis meses, a perda na poupança [para a inflação] é menos representativa do que a segurança que ela oferece", diz.

    Shutterstock
    Dinheiro da rescisão deve ser gasto exclusivamente nas despesas básicas

    Michael Viriato, coordenador do laboratório de finanças do Insper, sugere que os investimentos precisam ter alta liquidez, curto prazo e pouquíssimo risco de flutuação. Os CDBs são boa opção para quem tiver mais de R$ 30 mil, valor a partir do qual normalmente bancos oferecem rentabilidades maiores e taxas menores. Já o Tesouro Selic é adequado para valores inferiores.

    "Mas é preciso gastar algum tempo pesquisando investimentos. Fora dos grandes bancos existem produtos mais vantajosos", diz Viriato.

    Para ele, a poupança é um péssimo negócio: além de ter perdido para a inflação no ano passado, resgatar o valor guardado exige disciplina. Se o saque for feito antes do aniversário da poupança, perde-se dinheiro.

    Se o valor da rescisão for suficiente para viver sem nova fonte de renda por mais de um ano, as aplicações podem ser diversificadas. A parte que não será necessária no curto prazo pode ir para investimentos com maior rentabilidade e prazo mais longo para resgate, sugere Viriato.

    A liquidação de financiamentos de prazo maior só deve ser considerada se o valor recebido for suficiente para ficar sem trabalhar por mais de um ano, diz o consultor financeiro Erasmo Vieira.

    "Se sobrar dinheiro para mais de um ano, as dívidas podem ser quitadas para reduzir o orçamento mensal", diz Vieira.

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