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    Gorjeta no contracheque aumenta salário bruto, mas não há consenso

    TÁSSIA KASTNER
    DE SÃO PAULO

    01/02/2016 02h00

    Tanto a legislação trabalhista (CLT) quanto decisões do Tribunal Superior do Trabalho preveem que as gratificações têm de ser repassadas aos trabalhadores e constar em seus contracheques.

    Advogado do sindicato dos trabalhadores, Alan Carvalho, que já foi garçom do Fasano, explica que a taxa de serviço ajuda os trabalhadores a dobrarem seu salário —hoje em torno de R$ 1.000.

    Com as gorjetas no contracheque, os garçons, na prática, passam a ter um salário bruto maior que serve de base de cálculo para férias e 13º.

    Também passam a ter mais chances de conseguir acessos a financiamentos de imóveis e veículos.

    Teste da gorjeta

    CONTROVÉRSIA

    Porém, com o aumento da remuneração no contracheque cresce também o recolhimento da contribuição ao INSS (para terem uma aposentadoria maior) e a carga de impostos.

    Os garçons passam a pagar Imposto de Renda —o que, na prática, reduz o salário líquido.

    "Muitos acordos não saem porque alguns trabalhadores preferem ficar na informalidade", afirma Carvalho.

    Depois do acordo coletivo, são feitos acordos entre patrões e garçons. Em 2015, cerca de cem empresas procuraram o sindicato dos trabalhadores para o acordo. Apenas 36 foram fechados.

    Do lado dos empregadores, o problema é o aumento dos encargos trabalhistas. Por isso, o acordo coletivo prevê que patrões podem reter uma fatia da gorjeta para pagar os direitos trabalhistas.

    As empresas que são tributadas pelo lucro presumido real podem reter até 35% do valor pago pelo cliente na taxa de serviço. Já as firmas integrantes do Simples, 20%.

    As casas deveriam repassar esse custo integralmente para o cardápio, mas, para não afugentar o consumidor, decidiram repartir os custos.

    A GORJETA PELO MUNDO

    Saiba como é a prática em outros países

    EUA: Há cidades em que o garçom pode ficar ofendido se você não deixar gorjeta. O usual é 15%. Em Nova York, a dica é dobrar o valor do imposto (8,25%) e aproximar para baixo

    Austrália: É voluntária. Em torno de 10% é considerado suficiente em bares e restaurantes

    Argentina: Não é obrigatória. O normal é deixar 10% em bares e restaurantes, se o atendimento for bom

    China: Embora o costume seja não dar gorjeta, em cidades grandes a prática vem sendo adotada, por causa dos estrangeiros. Não há praxe sobre quantia

    Reino Unido: - Em restaurantes mais sofisticados, o serviço pode vir incluso na conta, cuja praxe é de 12,5%. Se não vier, o ideal é deixar de 10% a 15%. Em bares, geralmente há uma caixinha para "tips"

    França: - Conta chega com taxa de 15% com inscrição "servive compris" (serviço incluído), definida por lei. Não é preciso deixar nada a mais

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