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    Grupo canadense retira oferta para comprar parte da OAS na Invepar

    RAQUEL LANDIM
    DE SÃO PAULO

    01/02/2016 21h00

    Apu Gomes/Folhapress
    Prédio em construção da OAS Em São Paulo
    Prédio em construção da OAS em São Paulo; gestora canadense retirou formalmente a oferta

    A gestora canadense Brookfield retirou formalmente a oferta de R$ 1,35 bilhão pelos 24,4% da OAS na Invepar, concessionária do aeroporto de Guarulhos.

    Segundo a Brookfield, não foi possível chegar a um consenso com os fundos de pensão - Previ, Petros e Funcef - sobre um novo acordo de acionistas. A OAS confirmou a retirada da oferta.

    A Folha apurou que a Brookfield não abria mão de ter mais poder na gestão, mesmo que tivesse 25% do negócio e os fundos 75%.

    Os canadenses queriam que o seu voto no conselho tivesse o mesmo peso que os 3 fundos unidos. A Previ estava de acordo, mas a Funcef foi contra.

    No fim do ano passado, a Brookfield havia se comprometido a fazer uma oferta vinculante no leilão do ativo, que será promovido pela OAS em meados de março.

    Mas a oferta estava condicionada a uma negociação do acordo de acionistas. Se não aparecerem compradores no leilão, a situação da OAS pode se complicar ainda mais, porque a Invepar é considerada o seu melhor ativo.

    Envolvida no escândalo da Lava Jato, a OAS está em recuperação judicial. A oferta da Brookfield havia sido feita na assembleia do plano de recuperação do grupo e foi crucial para sua aprovação.

    Segundo executivos envolvidos, a Brookfield parece ter desistido de comprar a fatia da OAS na Invepar, mas o martelo ainda não foi batido.

    A Folha apurou que a Invepar colocou ativos à venda, como uma concessão no Peru e outras no Rio de Janeiro, para tentar resolver sua situação financeira. A Brookfield avalia adquirir diretamente os ativos.

    CRISE NA INVEPAR

    A substituição da OAS por um novo sócio era muito importante equacionar a situação da Invepar, cujo caixa pode ser insuficiente para pagar as dívidas de curto prazo.

    Em novembro do ano passado, a empresa foi resgatada pelos fundos de pensão que colocaram mais R$ 1 bilhão por meio da compra de debêntures (títulos de dívidas).

    A própria Brookfield adquiriu R$ 500 milhões desses papeis, enquanto os bancos credores entraram com outros R$ 500 milhões. O dinheiro foi utilizado para pagar ou rolar dívidas.

    A Invepar é um problema para os fundos de pensão, que contabilizam sua participação de 25% da empresa por R$ 2,8 bilhões.

    Alguns fundos estudam admitir um prejuízo de 20%, baixando o valor para R$ 2,24 bilhões - mesmo assim, acima dos R$ 1,35 bilhão que a Brookfield se dispôs a pagar por igual fatia da empresa.

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    • RAIO-X INVEPAR

    Quem é?

    Empresa formada pela OAS e pelos fundos de pensão Previ (Banco do Brasil), Funcef (Caixa), Petros (Petrobras)

    Onde atua?

    Em concessões de segmento de infraestrutura em transportes

    Alguns negócios:

    Participação na concessionária do aeroporto de Guarulhos, Linha Amarela, Metrô Rio, Rodovias Raposo Tavares e BR-040

    Principais concorrentes:

    Odebrecht TransPort e CCR

    Por que está em crise?

    A Invepar se endividou para vencer os leilões das concessões e contava com uma oferta de ações para levantar R$ 3 bilhões e pagar os compromissos. Com a crise, não conseguiu acessar o mercado de capitais

    Números da empresa:

    R$ 1,066 bilhão foi o prejuízo da companhia de janeiro a setembro de 2015

    R$ 3,83 bilhões foi a receita da Invepar no período

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