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    o impeachment

    Impulso da exportação para retomada deve ser menor nesta crise

    ÉRICA FRAGA
    DE SÃO PAULO

    07/02/2016 02h00

    Bruno Stock/Folhapress
    Navios fazem fila no Porto de Paranaguá (PR)
    Navios fazem fila no Porto de Paranaguá (PR)

    Uma lista de características negativas da economia brasileira não só tem contribuído para a duração prolongada do atual ciclo recessivo como limitará a capacidade de retomada do país a partir de 2018, mostra estudo recente do banco Credit Suisse.

    Segundo a instituição, mesmo depois de quatro anos de desempenho desfavorável da economia, entre 2014 e 2017, a capacidade de crescimento do país será muito baixa, entre 1,4% e 2%.

    Segundo Leonardo Fonseca, economista do Credit Suisse, os fatores que explicam essa limitação não são novos, mas foram acentuados por decisões de política econômica nos últimos anos.

    O banco destaca, por exemplo, que, historicamente, as exportações têm um papel relevante nas retomadas do Brasil após recessões.

    Participação dos manufaturados nas exportações

    Em momentos de contração da economia, o câmbio se desvaloriza e isso estimula as exportações, que passam a contribuir mais para o crescimento.

    Isso voltará a acontecer desta vez, segundo Fonseca, mas a capacidade de motor da expansão do setor externo é limitada, atualmente, pelo baixo peso dos produtos manufaturados na pauta exportadora. Essa participação caiu de 55,3% em 1996 para 38,1% no ano passado, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento.

    "Os produtos manufaturados, que se tornaram menos relevantes na nossa pauta, são os grandes beneficiados pela depreciação cambial", afirma Fonseca.

    Os preços de commodities, explica o economista, respondem mais a movimentos do mercado externo do que à oscilação da moeda.

    Em parte, o aumento do peso dos produtos básicos na pauta brasileira tem relação com o boom das commodities provocado pela demanda chinesa na década passada.

    Mas, segundo Fonseca, políticas do governo como a adoção de barreiras a importações e a falta de avanço em acordos comerciais também ajudam a explicar a crise da indústria brasileira.

    Essas políticas também contribuíram, segundo o Credit Suisse, para que o Brasil tivesse nos últimos anos um retrocesso em termos de abertura comercial em relação ao resto do mundo. Países mais abertos têm maior acesso a tecnologias de ponta.

    Por isso, de acordo com o banco, o recuo nessa área reduziu a competitividade da economia brasileira, tornando-a menos produtiva.

    O aumento do peso do Estado na economia é outro fator que, segundo o Credit Suisse, freia as chances de retomada do país. O banco mostra que não só países desenvolvidos mas também emergentes com gastos mais elevados do governo tendem a crescer menos.

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