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    Fim de sanção ao Irã acirra disputa por reinado do pistache

    DO "FINANCIAL TIMES"

    10/02/2016 02h00

    Leticia Moreira - 22.out.2010/Folhapress
    Irã retomou em 2015 a posição de maior produtor mundial de pistache
    Irã retomou em 2015 a posição de maior produtor mundial de pistache

    Não é só o mundo do petróleo que se prepara para a volta do Irã ao mercado depois da recente suspensão de sanções norte-americanas.

    Comerciantes internacionais de pistache tentam avaliar como a mudança afetará o fluxo de oleaginosas produzidas no país do Oriente Médio, e se haverá acesso ao mercado americano, até agora fechado. Estados Unidos e Irã disputam o posto de maior produtor e exportador do mundo há anos.

    Para executivos do setor no Irã, a exportação subirá. "As transações se tornarão mais fáceis", diz Mahmoud Abtahi, vice-presidente da associação do pistache iraniana.

    "O pistache iraniano é exportado há mais de cem anos e garantiu posição no mercado mundial. Ele é o rei das oleaginosas", disse Abtahi.

    O Irã conseguiu retomar a posição de maior produtor mundial no ano passado, pela primeira vez desde 2008.

    Já a safra de 2015 na Califórnia, Estado que responde pela maior parte da produção americana, caiu quase à metade para 124,8 mil toneladas -o total mais baixo em quase uma década- devido a condições climáticas ruins.

    A queda na oferta elevou o preço do pistache californiano a mais de US$ 11 por quilo, permitindo que o Irã desse descontos a compradores internacionais, especialmente a China, maior importador.

    "O Irã está vendendo pistache à China por preços entre US$ 1,70 e US$ 2,20 mais baixos por quilo", diz Richard Matoian, diretor da associação americana de produtores.

    A Europa é outro grande mercado no qual o Irã pode avançar. Ainda que o pistache não estivesse sujeito a sanções na Europa, as restrições a transações bancárias e transporte dificultavam.

    A questão crucial para a importação iraniana era o nível de aflatoxina, substância venenosa gerada por mofo, que levou varejistas e distribuidores de oleaginosas a adotar a versão californiana. Mesmo assim, com a alta no preço do pistache dos EUA, alguns executivos acham que o ingresso do pistache iraniano será encorajado.

    A questão é se os iranianos serão capazes de avançar no mercado dos EUA. Mesmo antes da imposição de sanções pelos americanos, as importações de pistache iraniano estavam sujeitas a tarifas antidumping de cerca de 300%. Com a retirada das sanções, autoridades americanas avaliarão se devem reter a tarifa.

    Mesmo que seja abandonada, restam ambiguidades nas questões bancárias e de pagamento, dizem advogados. Ainda que restrições tenham sido removidas, as sanções primárias dos EUA continuam em vigor, o que significa que cidadãos continuam proibidos de investir em transações comerciais com o Irã e bancos americanos estão proibidos de compensar transações relacionadas ao país.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

    Edição impressa
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