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    Pesos-pesados do setor industrial não veem luz no fim do túnel

    SOFIA FERNANDES
    DE BRASÍLIA

    11/02/2016 02h00

    Pedro Revillion/ Palácio Piratini
    Produção da indústria brasileira teve em 2015 pior resultado da série histórica do IBGE
    Produção da indústria brasileira teve em 2015 pior resultado da série histórica do IBGE

    Deterioração fiscal, incertezas políticas, queda na confiança do investidor, queda na confiança do consumidor, queda na produção, inflação... A coleção de desafios para a economia neste ano é vasta, e o setor industrial brasileiro, um dos mais afetados, está custando em achar a luz no fim do túnel.

    A Folha ouviu representantes empresariais de quatro setores de peso da indústria, que juntos representam um terço do PIB brasileiro, para saber o que esperam deste ano.

    PRODUÇÃO INDUSTRIAL - Variação em %, em relação ao ano anterior

    SIDERURGIA

    "Estamos vivendo a pior crise em toda a história", diz o presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello.

    Os maiores compradores internos de aço no país são justamente os setores que mais estão sofrendo com a crise –construção civil, indústria automotiva e de máquinas e equipamentos.

    Além disso, explica Mello, a queda na demanda global por aço e a atuação da China com preços artificialmente mais baratos criaram um excedente de 700 milhões de toneladas da matéria-prima no mundo. A produção anual brasileira é de 48 milhões de toneladas.

    "Se nada for feito, teremos que fechar mais indústrias."

    MÁQUINAS

    O setor de máquinas e equipamentos, termômetro do quanto as empresas estão investindo na modernização de suas estruturas, deve amargar o quarto ano seguido de queda no faturamento, sequência inédita.

    Segundo José Velloso, presidente-executivo da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), o setor projeta queda de 10% no faturamento para 2016. "A indústria brasileira está doente", diz.

    Apenas um segmento da economia está ampliando investimentos –o de energia eólica. O maior baque é do setor de petróleo e gás.

    Segundo o executivo, as indústrias brasileiras estão 35% menores do que em 2012, e as demissões não param.

    AUTOMOBILÍSTICO

    O mesmo acontece no setor automotivo. Mais de 40 mil funcionários de montadoras estão com jornada reduzida pelo Programa de Proteção ao Emprego ou com contrato suspenso pelo regime de lay-off. Há excedente de empregados e perspectiva de queda na produção.

    Segundo Luiz Moan, presidente da Anfavea (que reúne fabricantes de veículos), a produção de carros prevista para 2016 será equivalente à de dez anos atrás. E o nível de emprego, ao de 2010.

    Para o ano, Moan aposta nas exportações e na abertura de novos mercados para que o faturamento das montadoras fique pelo menos estagnado. Ele projeta queda de 7,5% nas vendas internas.

    PETRÓLEO E GÁS

    Com a Petrobras, grande motor da indústria do petróleo e gás, mergulhada em investigação de corrupção, cortando investimentos e vendo suas ações derreterem na Bolsa, o ano para o setor será ainda mais desafiador.

    Para o presidente do IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis), Jorge Camargo, as revisões de preço do petróleo e outros fatores limitaram muito a capacidade de investimento. A palavra-chave da vez será "competitividade", diz.

    "Vai ser um ano difícil", diz. "Mas, apesar da situação, o Brasil continua com potencial muito grande de atrair investimentos, sem necessidade de subsídios", afirma.

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