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    Usiminas renegocia dívida com bancos para evitar recuperação judicial

    RAQUEL LANDIM
    DE SÃO PAULO

    16/02/2016 02h00

    Carlos Nogueira/A Tribuna de Santos/Folhapress
    Produção de ferro em um alto forno em fábrica da Usiminas; empresa tenta evitar recuperação judicial
    Produção de ferro em um alto forno em fábrica da Usiminas; empresa tenta evitar recuperação judicial

    Para evitar a recuperação judicial, a diretoria da Usiminas acertou a renegociação de cerca de metade da dívida de R$ 8 bilhões da siderúrgica com os bancos credores, desde que os principais acionistas façam um aporte de U$S 1 bilhão (R$ 4 bilhões).

    A proposta será levada para o conselho da administração em reunião na quarta-feira (17), mas vai esbarrar no longo conflito acionário entre os japoneses da Nippon Steel e os argentinos da Ternium e pode até ser vetada.

    Os principais credores –Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, entre outros– estariam dispostos a alongar o prazo de pagamento de R$ 2,4 bilhões de débitos que vencem em 12 meses. Incluindo títulos no exterior, a renegociação total de dívida poderia chegar a R$ 4 bilhões.

    O acerto deve ter apoio da Nippon, mas não será aceito pela Ternium nas atuais condições. Todas as decisões no conselho da Usiminas tem que ser tomadas por consenso.

    Em nota, a Ternium afirmou "não faz sentido um aporte de capital na Usiminas sem um choque de gestão". Executivos próximos dizem que a empresa quer voltar a ter voz nas decisões de não concorda com o montante do aporte. Usiminas e Nippon não se posicionaram.

    Alguns anos atrás, diretores da Ternium foram afastados da administração da Usiminas pela Nippon e o caso foi parar nos tribunais. Segundo especialistas do setor, a briga entre os dois acionistas paralisou a empresa.

    CRISE

    A Usiminas enfrenta uma grave crise, que pode culminar numa recuperação judicial se não conseguir uma injeção de capital dos acionistas ou vender ativos.

    Conforme apurou a reportagem, a siderúrgica ofereceu ao mercado sua fatia em três subsidiárias: Mineração Usiminas (minério), Usiminas Mecânica (bens de capital) e Soluções Usiminas (distribuição e transformação do aço).

    Fornecedora dos setores automotivo, eletrodomésticos e bens de capital, duramente afetados pela recessão brasileira, a Usiminas assistiu sua demanda desabar.

    Decisões equivocadas de gestão também prejudicaram a companhia. Para analistas, a Usiminas demorou para paralisar altos-fornos e reduzir atividades em Cubatão (SP), produzindo além da demanda a um custo alto.

    De janeiro a setembro de 2015, a receita do grupo caiu 15% e o prejuízo foi a R$ 2 bilhões. Com a relação entre dívida líquida e Ebtida (geração de caixa) chegando a 6,8 vezes, os investidores duvidam da capacidade da empresa de honrar seus compromissos.

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    RAIO-X USIMINAS

    Usiminas/1º-3º tri.2015

    Receita líquida: R$ 7,8 bi

    Prejuízo líquido: R$ 2,1 bi

    Caixa: R$ 2,4 bi

    Principais concorrentes: Gerdau e CSN

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