• Mercado

    Thursday, 28-Mar-2024 14:51:38 -03

    Petrobras faz nova proposta por aluguel de sondas da Sete Brasil

    JULIO WIZIACK
    DAVID FRIEDLANDER
    DE SÃO PAULO
    NICOLA PAMPLONA
    DO RIO

    22/02/2016 02h00

    A Petrobras voltou à mesa de negociação e apresentou uma proposta para os sócios da Sete Brasil, empresa de sondas criada para construir e alugar os equipamentos de exploração no pré-sal.

    A Folha apurou que a estatal propõe alugar dez sondas por cinco anos, renováveis por mais cinco. Originalmente, a Sete alugaria 28 sondas por um prazo máximo de 15 anos.

    Mas, com a recessão e a crise em que as duas empresas mergulharam, especialmente após o envolvimento delas na Lava Jato, foram obrigadas a rever seus planos.

    Outro fator decisivo foi a queda do petróleo, de US$ 100, quando a Sete Brasil foi idealizada, para cerca de US$ 30, agora. Também pesou a desvalorização do real.

    Por esses motivos, a Petrobras não queria mais alugar as sondas. No mercado internacional, o aluguel de uma sonda sairia por US$ 300 mil. As da Sete custariam US$ 424 mil por dia à estatal.

    A Folha apurou que os sócios da Sete começaram a avaliar os cenários depois de receber a nova proposta. As discussões devem começar nesta semana. O preço do aluguel diário das sondas será o tema principal. A Petrobras só aceita negociar a um preço menor que o inicialmente previsto.

    A estatal nem sentou à mesa e já impôs condições: quer que o banco Rotschild –que já atende a estatal– seja o responsável pela condução desse processo por ambas as partes.

    A Sete já havia contratado o escritório Alvarez & Marsal para cuidar de seu caso. A Petrobras é sócia minoritária da Sete, que já havia contratado um escritório especializado em reestruturação para cuidar de seu caso.

    ANTECEDENTES

    A proposta da Petrobras foi apresentada na sexta (19). Na quinta (18), a estatal disse que enviaria sua oferta e pediu aos sócios que cancelassem a reunião em que voltariam à discussão de possível pedido de recuperação judicial.

    Além de entrar em recuperação judicial, a Sete moveria um processo por perdas e danos contra a estatal. Os sócios consideram que a empresa foi um projeto de governo para tirar do balanço da Petrobras o custo de construção e manutenção de sondas.

    Quando foi criada, a Sete tinha a promessa do BNDES de emprestar US$ 9 bilhões, dinheiro que nunca saiu.

    A empresa foi então obrigada a tomar recursos na praça com bancos privados e públicos e mergulhou em uma dívida que já chega a R$ 14 bilhões. Os empréstimos venceram, a empresa não tem como pagar, e os credores (alguns são sócios) foram empurrando esse crédito na esperança de que a Petrobras voltasse às negociações –algo que nem os sócios acreditavam mais.

    Para eles, a estatal estava blefando com promessas vazias até que a Sete fosse à falência na esperança de que, assim, não pudesse ser processada.

    Há meses os sócios da Sete vinham tentando votar em assembleias o pedido de recuperação judicial. A Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, acabou paralisando o processo.

    Pressionados pelos credores, a Sete acabou suspendendo a discussão temporariamente e aprovou que os bancos recebessem, pelo menos, 30% das garantias.

    Como a Folha antecipou, na semana passada, eles sacaram R$ 4,2 bilhões do FGCN (Fundo Garantidor da Construção Naval), fundo privado sem fins lucrativos criado para garantir operações no setor.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024