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    o impeachment

    Economistas dizem como nomeiam a atual crise pela qual passa o Brasil

    04/03/2016 02h00

    O Brasil sofre de uma doença econômica séria, cujos principais sintomas são recuo da produção de bens e serviços, inflação elevada e desemprego em alta. Mas que enfermidade é essa? A economia, como a medicina, dá nome às suas mazelas.

    A Folha perguntou a seis economistas qual seria a melhor definição para a crise atual. Todos acreditam que vivemos uma recessão profunda.

    Para alguns, ela já evoluiu para sua versão agravada: a depressão. Há consenso entre eles que, seja recessão, seja depressão, a crise está acompanhada de um fenômeno raro que é a alta continuada nos preços, mesmo após uma queda no consumo. Outro ponto em relação o qual os economistas concordam é que, sem ações rápidas do governo, a situação pode se agravar ainda mais.

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    "Trata-se de uma profunda recessão, de estagflação, pois o modelo econômico não gera crescimento, com potencial de virar uma depressão se um caminho adequado não for adotado logo - Armínio Fraga - sócio da Gávea Investimentos e ex-presidente do BC (1999-2002)

    "A atual crise é uma profunda recessão, que pode evoluir para uma depressão caso perdure o impasse político que impede a implementação de reformas que apontem para a redução de gastos públicos - Otaviano Canuto - representante do Brasil no FMI e ex-vice-presidente do Banco Mundial

    "Com dois anos de queda do PIB dessa magnitude [2015 e 2016], está com cara de depressão –uma forte variação negativa combinada com dados ruins do balanço das empresas e da inadimplência - Luiz Gonzaga Belluzzo - professor da Unicamp e ex-secretário de Política Econômica (1985-87)

    "Estaríamos mais próximos de uma estagflação, mas, dado que esta crise tem efeitos prolongados, podemos dizer que é um longo período de recessão ou baixo crescimento, pois o Brasil não voltará a crescer em 3 a 5 anos - Mailson da Nóbrega - sócio da consultoria Tendências e ex-ministro da Fazenda (1987-1990)

    "Vivemos uma longa e profunda recessão com inflação elevada. Podemos enfrentar difíceis reformas ou continuar a optar pelo populismo com ajuste cosmético e mergulhar em uma crise ainda mais aguda - Marcos Lisboa - presidente do Insper e ex-secretário de Política Econômica (2003-05)

    "Estamos em uma recessão profunda, que ruma para uma depressão –uma recessão com características de continuidade. É pouco comum ao combinar-se com inflação alta, que realimenta o processo recessivo - Carlos Geraldo Langoni - Sócio da Projeta Consultoria e ex-presidente do BC (1980-83)

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    GLOSSÁRIO

    RECESSÃO - Período de contração da atividade. Seu conceito mais popular é o de dois ou mais trimestres consecutivos de contração do PIB. Uma recessão pode ser passageira, consequência do esgotamento de um ciclo de crescimento.

    DEPRESSÃO - Não existe um conceito técnico. O termo é normalmente usado para definir uma recessão prolongada (dois ou mais anos), com consequências graves como numerosas falências, demissões em massa e colapso do investimento.

    ESTAGFLAÇÃO - Combinação entre estagnação (ou recessão) com desemprego alto e inflação. É considerada um fenômeno atípico porque, em momentos de atividade fraca, os preços tendem a cair, já que a queda da renda freia o consumo.

    Vídeo: entenda o que é o PIB e como é feito seu cálculo

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