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    o impeachment

    Dólar cai a R$ 3,72 e Bolsa sobe com ação da Polícia Federal contra Lula

    EULINA OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    04/03/2016 12h43

    Pelo segundo dia seguido, o mercado financeiro brasileiro se descola totalmente do exterior e se fixa no quadro político interno, reagindo nesta sexta-feira (4) à notícia de que a Polícia Federal realizou nesta manhã a 24ª fase da Operação Lava Jato na casa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o levou para depor.

    O Ibovespa sobe cerca de 3% —com destaque para a valorização das ações das estatais Petrobras e Banco do Brasil— e o dólar recua mais de 2%. Os juros futuros operam em baixa, assim como o CDS (credit default swap) brasileiro, uma espécie de seguro contra o calote da dívida do país.

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    NOTAS DE DÓLAR

    O real apresentava a maior valorização ante o dólar entre as moedas de países emergentes. Após ter perdido mais de 3% mais cedo, a moeda americana à vista recuava há pouco 2,24%, a R$ 3,7209, e o dólar comercial perdia 1,97%, a R$ 3,7280. Na mínima da sessão até agora, o dólar chegou a ser cotado na casa dos R$ 3,65.

    Os juros futuros também caíam, influenciados pela baixa do dólar: o contrato de DI para janeiro de 2017 passava de 14,040% na véspera para 14,035%; o contrato de DI para janeiro de 2021 recuava de 15,070% para 14,680%.

    Após recuar 3,42% nesta quinta-feira (3), o CDS brasileiro –outro indicador da percepção de risco da economia—, caía 4,50%, para 413,255 pontos.

    Dólar - Variação da moeda em 2016

    O principal índice da Bolsa paulista, que chegou a ganhar 6% e bater nos 50 mil pontos mais cedo, avançava há pouco 3,02%, aos 48.620,94 pontos. As ações preferenciais da Petrobras subiam 9,13%, a R$ 7,17, e as ordinárias ganhavam 7,46%, a R$ 9,79. As ações ordinárias do Banco do Brasil tinham alta de 10,29%, a R$ 18,32.

    Também apresentam alta expressiva os papéis do setor financeiro, Vale e siderúrgicas. A exceção eram os papéis de exportadoras, que recuavam com a queda do dólar.

    Na quinta-feira (3), o principal índice da Bolsa paulista fechou em alta de 5,12% e o dólar caiu mais de 2%, repercutindo a informação de que o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) comprometeu a presidente Dilma Rousseff o ex-presidente Lula em delação premiada.

    As apostas de queda do atual governo se intensificaram na quarta-feira (2) com a informação de que o empresário Léo Pinheiro, ex-presidente e sócio da empreiteira OAS condenado a 16 anos de prisão na Operação Lava Jato, decidiu fazer um acordo de delação premiada, segundo a Folha apurou junto a profissionais e investigadores que acompanham as negociações. No entanto, o cenário externo favorável também influenciou os negócios naquele pregão.

    "Como já tivemos uma alta forte na Bolsa ontem (3), com um volume financeiro muito forte, o Ibovespa não sobe tanto quanto na véspera porque há um pouco de realização de ganhos, mas a euforia continua", avalia Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos. "Com os desdobramentos da Operação Lava Jato, as expectativas de investidores quanto à mudança de governo vão aumentando, e o índice ainda tem bastante espaço para melhora nos próximos dias", acrescenta.

    A fase da Operação Lava Jato deflagrada nesta sexta-feira, batizada de Aletheia, apura se empreiteiras e o pecuarista José Carlos Bumlai favoreceram Lula por meio do sítio em Atibaia e o tríplex no Guarujá. O ex-presidente nega as acusações.

    "A notícia do dia que os mercados estão repercutindo é, sem dúvida, a condução coercitiva de membros da família Lula da Silva. De ontem (3) para hoje tudo ganhou enorme velocidade e a situação fica quase insustentável. Os mercados reagem a tudo isso e certamente vamos ter mais um dia de descolamento dos mercados externos", afirma Alvaro Bandeira, economista-chefe da corretora Modalmais, em relatório.

    EXTERIOR

    Nos EUA, os índices acionários abriram em queda: Dow Jones (-0,16%), S&P 500 (-0,18%) e Nasdaq (-0,27%). Na Europa, a maioria das Bolsas opera em alta: Londres (+0,54%), Paris (+0,56%), Frankfurt (+0,23%), Madri (+0,22%) e Milão (-0,96%).

    As Bolsas chinesas subiram pelo quarto dia seguido nesta sexta-feira, com a queda dos papéis de empresas com menor valor de mercado sendo compensada pela alta dos bancos diante da especulação de que investidores apoiados pelo governo ajudaram a estabilizar o mercado antes da reunião do Parlamento do país.

    Já o petróleo é negociado com alta moderada no mercado internacional: em Londres, o Brent ganhava há pouco 0,32%, a US$ 37,19 o barril; nos EUA, o WTI avançava 0,23%, a US$ 34,65 o barril.

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