• Mercado

    Wednesday, 01-May-2024 22:21:53 -03

    Queda de 31% nas compras brasileiras preocupa Argentina

    LUCIANA DYNIEWICZ
    DE BUENOS AIRES

    12/03/2016 02h00

    Juan Mabromata - 16.fev.2016/AFP
    Argentina's President Mauricio Macri talks to the press after a working meeting with Italy's Prime Minister Matteo Renzi at Casa Rosada in Buenos Aires on February 16, 2016. Renzi is on two-day official visit to Argentina. AFP PHOTO / JUAN MABROMATA ORG XMIT: MAB052
    Mauricio Macri, presidente da Argentina, país que tem o Brasil como principal parceiro comercial

    A queda no consumo brasileiro derrubou as vendas da Argentina para o Brasil e tornou-se uma das maiores preocupações dos empresários do país vizinho.

    Nos dois primeiros meses deste ano, o Brasil importou 31% a menos da Argentina na comparação com o mesmo período de 2015 –ano em que também houve desempenho fraco do comércio bilateral.

    Em janeiro deste ano, 13,2% do exportado pela Argentina teve como destino os portos brasileiros. No mesmo mês de 2015, essa participação alcançava 18,9%.

    CRISE CHEGA À ARGENTINA - Brasil tem em 2015 segunda queda nas exportações para o vizinho

    Apesar do recuo, ainda não há outro mercado que tenha tanta importância comercial para a Argentina. O segundo e o terceiro maior parceiro em janeiro, atrás do Brasil, foram Chile e China, que compraram apenas 6% e 4% do total, respectivamente.

    "A crise brasileira é um problema adicional para nossa economia, que já está em uma situação complicada por causa dos ajustes implementados pelo governo", diz Gastón Rossi, da consultoria LCG.

    O presidente Mauricio Macri, que assumiu o cargo em dezembro de 2015, vem tentando reduzir o deficit fiscal com cortes no gasto público, o que deverá resultar em uma retração do PIB neste ano. O FMI projeta recuo de 1%.

    CRISE CHEGA À ARGENTINA - Brasil tem em 2015 segunda queda nas exportações para o vizinho<br><br><b>Participação do Brasil nas exportações argentinas, em %</b>

    VEÍCULOS

    A indústria automotiva é a que mais vem sofrendo por causa da crise no outro lado da fronteira. No primeiro bimestre, a produção argentina de carros diminuiu 27,1%, e as exportações, 42,4%.

    Com exceção de Peru, Equador e Paraguai, todos os compradores de automóveis argentinos reduziram a demanda no período. O Brasil, porém, foi o grande responsável pelo recuo de mais de 40%, pois, sozinho, tem uma participação de 82,6% nas exportações do setor. Esse número foi, por muito tempo, superior a 90%.

    Fábricas da Volkswagen e da Fiat reduziram suas produções, principalmente as de linhas que atendem o Brasil.

    A alternativa que aparece para os argentinos é recorrer a outros países. O problema, segundo o economista Mariano Lamothe, da consultoria Abeceb, é que não há muitos outros mercados com tantos consumidores como o Brasil.

    O economista Gastón Rossi lembra que não é simples conquistar clientela em locais ainda não explorados.

    "Aconteceu com o Brasil quando o governo de Cristina Kirchner [2007-2015] passou a adotar medidas protecionistas. Os brasileiros não conseguiram encontrar rapidamente um parceiro que nos substituísse", diz.

    Em uma reunião realizada em fevereiro pela União Industrial Argentina (equivalente à CNI), a situação brasileira figurou entre os assuntos mais debatidos.

    Além da redução da demanda, também preocupa a possibilidade de as indústrias do Brasil, com grande capacidade ociosa, invadirem o mercado argentino com seus produtos.

    Enquanto a desvalorização do real tornou os itens fabricados no Brasil mais competitivos, a inflação argentina continua encarecendo as mercadorias do país.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024