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    Dólar recua e Bolsa sobe com Fed e petróleo, apesar de incertezas políticas

    EULINA OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    16/03/2016 17h30

    Kevin Lamarque/Reuters
    Presidente do Fed, Janet Yellen, observa o líder americano, Barack Obama
    Presidente do Fed, Janet Yellen, observa o líder americano, Barack Obama

    O humor no mercado doméstico melhorou na reta final da sessão desta quarta-feira (16), em função do cenário externo favorável. O dólar comercial, que atingiu R$ 3,85 na parte da amanhã, acabou encerrando o pregão em queda, abaixo de R$ 3,74. O Ibovespa subiu 1,34%, ajudado pelas ações da Petrobras e da Vale.

    O Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) manteve a taxa de juros norte-americana na faixa entre 0,25% e 0,50%. A autoridade monetária revisou suas projeções para os juros e agora veem dois aumentos em 2016, contra quatro anteriormente, o que impulsionou os índices acionários em Wall Street e, consequentemente, a Bovespa

    Além disso, os preços do petróleo e do minério de ferro subiram no mercado internacional.

    No entanto, os investidores observam com cautela os movimentos no campo político, depois que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aceitou o convite para integrar o governo Dilma Rousseff como ministro da Casa Civil.

    Analistas afirmam que a ida de Lula para o ministério já havia sido precificada. Agora, o mercado aguarda possíveis mudanças na política econômica e novidades em relação ao andamento do processo de impeachment da presidente Dilma e à Operação Lava Jato.

    Segundo analistas, a notícia de que o ex-presidente do BC Henrique Meirelles poderá voltar ao governo contribuiu para diminuir o nervosismo do mercado.

    Em entrevista coletiva nesta tarde, a presidente Dilma Rousseff negou que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, deixará o cargo. Ela também disse que o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, será mantido.

    DÓLAR
    Saiba mais sobre a moeda americana
    NOTAS DE DÓLAR

    O dólar comercial fechou em queda de 0,66%, a R$ 3,7390, mas a moeda americana à vista, cuja negociação terminou antes da decisão do Fed, subiu 1,52%, a R$ 3,8079.

    No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 caiu de 13,870% na sessão anterior para 13,750%; o contrato de janeiro de 2021 terminou estável, a 14,600%. No mercado, há a perspectiva de que, sob a interferência de Lula, a taxa básica de juros (Selic) sofra cortes para estimular a economia.

    O CDS (credit default swap), uma espécie de seguro contra calote e indicador da percepção de risco do país, recuava 0,69%, para 420,653 pontos.

    BOLSA

    O Ibovespa, que chegou a recuar 1,29% pela manhã, fechou em alta de 1,34%, aos 47.763,43 pontos. O giro financeiro somou R$ 8,296 bilhões.

    As ações da Petrobras subiram 9,37%, a R$ 7,23 (PN) e 7,74%, a R$ 9,60 (ON), acompanhando a recuperação dos preços do petróleo. Em Londres, o petróleo Brent subia 4,00%, a US$ 40,29 o barril; nos EUA, o WTI ganhava 5,94%, a US$ 38,50.

    O petróleo sobe com a notícia de que países produtores de petróleo, incluindo membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) no Golfo Pérsico, apoiariam a realização de um encontro em abril para discutir um congelamento dos níveis de produção mesmo se o Irã se negar a participar. Membros e não membros da organização deverão se reunir em Doha em 17 de abril.

    Os papéis da Vale ganharam 8,87%, a R$ 10,55 (PNA) e 9,94%, a R$ 14,82 (ON). Entre as siderúrgicas, CSN ON subiu 10,54%, Gerdau PN ganhou 5,26%, Gerdau Metalúrgica, +7,97% e Usiminas PNA, +10,89%. Após seis sessões consecutivas de queda, o minério de ferro com entrega em Qingdao, na China, subiu 1,30% nesta quarta-feira, a US$ 53,57 a tonelada.

    No setor financeiro, os papéis ordinários do Banco do Brasil fecharam em alta de 3,37%, a R$ 18,09, após terem recuado mais de 21% no pregão desta terça-feira (15), em meio às expectativas de que Lula viraria ministro.

    Com exceção de Santander unit (+2,95%), as ações de bancos privados caíram: Itaú Unibanco PN (-2,95%), Bradesco PN (-2,22%) e Bradesco ON (-2,60%).

    "Além de refletirem uma eventual queda dos juros, os papéis desses bancos recuaram com a possibilidade de, sob Lula, voltar a política de estímulo ao consumo via crédito", diz Rafael Ohmachi, analista da Guide Investimentos. "É um cenário perigoso para os bancos, que poderão enfrentar riscos maiores a taxas menores."

    EXTERIOR

    Em Wall Street, os índices acionários fecharam em alta: o Dow Jones ganhou 0,43%, o S&P 500 avançou 0,56% e o Nasdaq, +0,75%, impulsionados pela decisão do Fed. A autoridade monetária não deu indícios de que pretende elevar os juros na próxima reunião, em abril, mas destacou os riscos à economia americana por causa da crise econômica e financeira global.

    Na Europa, as Bolsas fecharam sem direção única, antes da decisão do Fed: Londres (+0,58%); Paris (-0,22%); Frankfurt (+0,50%); Madri (-0,28%); Milão (-0,18%).

    As Bolsas chinesas fecharam em alta. O primeiro-ministro da China, Li Keqiang, defendeu as políticas econômicas do governo, prometendo que não haverá demissões em massa e nenhum pouso forçado da segunda maior economia do mundo.

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