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    o impeachment

    'Grampo' de Lula e Dilma faz ativo brasileiro disparar

    ÉRICA FRAGA
    MARIANA CARNEIRO
    DE SÃO PAULO

    17/03/2016 02h00

    A aposta de investidores e economistas é que os ativos brasileiros, como ações e títulos públicos, devem se valorizar fortemente após a divulgação da conversa entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, grampeada pela Polícia Federal.

    O áudio, que sugere que Dilma agiu para tentar impedir uma possível prisão de Lula, foi divulgado nesta quarta (16) após o fechamento do mercado local.

    Mas chegou a ter impacto em ativos brasileiros no exterior. O fundo que tem como referência ações de empresas de médio e grande porte negociado nos Estados Unidos (ETF do índice MSCI Brasil) teve significativa valorização no início da noite, após o vazamento da conversa.

    Em apenas dez minutos, entre 18h50 e 19h (horário do Brasil) o índice subiu 5,35% para 25,60 pontos. E a valorização prosseguiu nas horas seguintes. Às 21h era negociado a 25,90 pontos.

    A percepção do mercado é que o vazamento e as reações que vieram a seguir darão impulso ao processo de impeachment contra Dilma.

    O mercado vê com bons olhos uma eventual saída da presidente. Investidores e analistas acreditam que o fim do governo petista terminaria com a crise política e abriria espaço para a adoção de medidas que reativem a economia, que passa por uma recessão profunda.

    AGENDA DE ESQUERDA

    Nos últimos dias, houve uma tendência de piora nos preços dos ativos brasileiros provocada pela expectativa de que a ida de Lula para o governo representaria uma sobrevida de Dilma ou uma guinada à esquerda na política econômica.

    O temor foi atenuado por rumores de que, na Casa Civil, Lula levaria o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, nome respeitado no mercado, para a equipe econômica do governo.

    A informação não foi confirmada, mas acalmou ânimos no mercado. Após a declaração de Dilma Rousseff, no meio da tarde, investidores passaram a desconsiderar a "agenda de esquerda", ou seja, medidas que representam aumento de gastos do governo.

    Do mau humor inicial, então, o mercado passou ao otimismo turbinado pelo interesse de investidores estrangeiros em ativos do Brasil que, na visão deles, teriam ficado baratos.

    A tendência de valorização foi impulsionada ainda mais pela decisão do Banco Central americano (Fed) indicando que não aumentará juros no curto prazo.

    Para gestores, a euforia deve prosseguir nesta quinta (17), com a expectativa de que Dilma pode ser afastada do cargo. Alguns apostam que a cotação do dólar pode cair abaixo de R$ 3,60.

    Nesta quarta, o dólar comercial valia R$ 3,74.

    Com a deterioração da economia brasileira nos últimos anos, o país perdeu um grande volume de investimentos estrangeiros.

    Segundo analistas, se esses recursos voltarem, os ativos brasileiros terão alta significativa, e rápida.

    Mas existe o risco de uma transição política conturbada. Por isso, afirmam que o mercado deve continuar muito volátil nas próximas semanas, com oscilação grande nos preços de ações, títulos e do dólar.

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