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    Indústria convoca lideranças para discutir momento político

    DE SÃO PAULO

    17/03/2016 02h00

    Giba Bergamin Jr/Folhapress
    Manifestantes em de protesto na Fiesp contra a indicação do ex-presidente Lula no ministério
    Manifestantes em de protesto na Fiesp contra a indicação do ex-presidente Lula no ministério

    A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) convocou lideranças empresariais do Estado para discutir o momento político na tarde desta quinta-feira (17).

    No final da tarde, sua assessoria ligou para os jornais para dizer que, na opinião do empresário Paulo Skaf, "Dilma deveria renunciar já, pelo bem do Brasil".

    Skaf é filiado ao PMDB e concorreu ao governo do Estado em 2014. Ele é ligado ao vice-presidente Michel Temer, que assume a Presidência caso Dilma seja afastada por impeachment.

    Desde que passou a se envolver mais diretamente na política, Skaf passou a ser visto com reserva por parte do empresariado, embora tenha apoio de vários sindicatos e associações empresariais.

    Na noite desta quarta (16) a Fiesp fez um protesto contra a indicação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o governo. Na fachada da entidade, na av. Paulista, projetou-se uma imagem verde-amarela cortada por uma faixa preta, onde depois escreveu-se Renúncia Já.

    SEM GUINADAS

    Ouvidos pela Folha na terça e na quarta-feira, antes da divulgação da gravação em que Lula e Dilma falam sobre a posse do ex-presidente, empresários diziam não esperar guinada da política econômica para a esquerda com a volta do ex-presidente Lula como homem forte do governo.

    Falando sobre a condição de anonimato, presidentes e altos executivos de diversos setores criticaram a nomeação do ex-presidente.

    Para eles, na Casa Civil, Lula tentaria em um primeiro momento reaproximar o governo e o partido com um discurso de retomada de crescimento.

    Mas o rombo fiscal e a pressão do dólar só deixam espaço para "medidas cosméticas" na economia, dificultando manobras que já foram usadas por Dilma no passado, como baixar juros à força e obrigar os bancos públicos a ampliar significativamente o crédito para estimular o consumo.

    Avançar por esse caminho pode jogar o país na rota da Venezuela com câmbio nas alturas e inflação descontrolada. Por seu histórico, Lula é considerado por esses membros do setor privado um político "pragmático" e mais sensível a esse risco.

    Nas últimas semanas, o PT e os movimentos sociais ligados ao partido pressionavam o governo Dilma a abandonar a reforma da Previdência, vista como um ataque aos direitos do trabalhador, e a adotar medidas de estímulo à economia mesmo sem dinheiro.

    Para os empresários ouvidos, eram pequenas as chances de Lula de refazer as pontes com o PMDB e derrotar o impeachment no Congresso.

    De acordo com essa avaliação, Lula e sua família estão sendo investigados pela operação Lava Jato e novas denúncias podem surgir.

    Também esperavam que a nomeação, que garante foro privilegiado, pudesse gerar forte reação contrária da opinião pública.

    Para esses representantes do empresariado, se Lula e o governo sobreviverem aos protestos e às investigações da Lava Jato, aí sim poderia tentar uma aproximação com o setor privado para retomar investimentos.

    Ainda assim, eles tinham dúvidas sobre se poderiam confiar no governo.

    Nesta quarta, com a confirmação de que o ex-presidente assumiria a Casa Civil, o dólar chegou a subir e a Bolsa a cair, mas o mercado mudou de orientação seguindo a tendência internacional, que beneficiou os países emergentes depois que os Estados Unidos decidiram não elevar sua taxa de juros.

    Os investidores aguardam sinalizações sobre como ficará a condução da economia.

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