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    Queda no dólar faz Banco Central reduzir intervenções no câmbio

    EDUARDO CUCOLO
    DE BRASÍLIA

    18/03/2016 02h00

    A forte queda do dólar nos últimos dias, nos mercados brasileiro e internacional, levou o Banco Central a reduzir suas intervenções no câmbio.

    A moeda americana à vista fechou em queda de 4,15%, cotada a R$ 3,6499, nesta quinta-feira (17). O comercial recuou 2,32%, para R$ 3,6520.

    O dólar chegou a ficar próximo de R$ 3,60 ao longo do dia, mas diminuiu a queda após o BC anunciar que vai reduzir o valor das rolagens diárias de swaps cambiais.

    O swap cambial é um contrato que oferece proteção contra a alta do dólar e, com isso, reduz a demanda por moeda estrangeira. Com a decisão de cortar a oferta, o BC cria um fator que pode limitar a queda nas cotações.

    A instituição vai reduzir, a partir desta sexta (17), seus leilões diários de swap de US$ 480 milhões para US$ 180 milhões. A expectativa é que, até o fim do mês, o BC retire US$ 2 bilhões do mercado.

    "O Banco Central considera que o atual ambiente internacional abre uma oportunidade para realizar parte de suas posições em swaps cambiais, diminuindo a intensidade das rolagens diárias", informou a instituição.

    A sinalização do banco central dos EUA (Fed) de que vai subir menos os juros neste ano provocou uma rodada de desvalorização da divisa norte-americana.

    No Brasil, o dólar passou a cair ainda mais depois da notícia de que a Justiça Federal em Brasília determinou a suspensão do ato de nomeação do ex-presidente Lula como ministro da Casa Civil.

    Ao decidir pela manutenção dos juros na tarde de quarta-feira (16), o BC dos EUA informou que a maioria dos membros do seu comitê de política monetária vê como necessários dois aumentos da taxa, e não mais quatro, como anteriormente.

    "Isso ajudou o dólar a perder força em relação a várias moedas. No Brasil, foi a mesma coisa", afirmou Flavio Serrano, economista-senior do banco Haitong Brasil.

    De acordo com Serrano, a queda no risco Brasil e na cotação da moeda em relação ao real criou um ambiente mais confortável para o BC reduzir as intervenções.

    "A gente tem um estoque grande de swap. É natural o BC rolar menos, se a moeda continuar bem comportada."

    A redução no estoque de swaps era um dos pontos defendidos por economistas ligados a candidaturas de oposição nas eleições de 2014, em razão do risco para as contas públicas de manter um volume alto dessas operações.

    As intervenções com swaps geraram um prejuízo de R$ 89,7 bilhões em 2015. Em 2016, o BC acumula lucro de R$ 33,2 bilhões.

    De acordo com o BC, 80% dos contratos de câmbio estão nas mãos de empresas que têm dívidas ou custos atrelados à moeda estrangeira e de investidores estrangeiros com recursos no Brasil (e que buscam proteção não ter de deixar o país). Os outros 20% estão com fundos de investimento no Brasil.

    O programa de intervenções que levou ao aumento desse estoque foi lançado em 2013, quando os EUA começaram a retirar estímulos da economia e a sinalizar que aumentariam os juros.

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    MENOS AÇÃO NO CÂMBIO

    O que são swaps cambiais?

    São contratos que oferecem proteção contra a alta do dólar e, com isso, reduzem a demanda por moeda estrangeira

    Nesses contratos, o Banco Central vende dólares?

    Não. Eles são derivativos (contratos que derivam de outros ativos e têm vencimento futuro). Embora sejam remunerados em dólar, o pagamento é feito em reais

    Como funcionam?

    Nesses contratos, o Banco Central se compromete a pagar a variação do câmbio mais uma taxa de juros. Em troca, os investidores pagam ao BC a variação dos juros DI. No fim do prazo, o contrato é liquidado com a diferença entre as taxas trocadas –se o dólar sobe, o investidor ganha. Se a moeda cai, o ganho é do BC

    Por que o BC vai reduzir a renovação desses contratos?

    Para aproveitar o momento de queda do dólar –essas operações podem dar prejuízo à instituição. Em 2015, quando o dólar subiu, geraram perdas de R$ 89,7 bi

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