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    Negócios ainda resistem a usar internet

    ROBSON RODRIGUES
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    20/03/2016 02h00

    Mais de duas décadas depois da popularização da internet no Brasil, é raro uma empresa não utilizar algum tipo de tecnologia. Segundo o Sebrae, 6% delas ainda não têm acesso à internet.

    Alguns empresários não viram ainda a necessidade de estarem conectados para se manterem no mercado.

    É o caso da Portal Glass Esquadrias, empresa que fabrica portas e janelas de alumínio. Fundada há oito anos em Guarulhos (SP) pelos irmãos Wladimir, 34, Sandro, 40, e Alberto Alves, 33, o uso de tecnologia nunca foi um diferencial para eles.

    Nenhuma publicidade virtual, e-commerce, ferramentas eletrônicas de gestão nem qualquer anúncio nas redes sociais. Para os proprietários, vale ainda a velha propaganda boca a boca.

    A empresa movimenta R$ 45 mil por mês. Depois de honrar os compromissos com material de trabalho, salário dos funcionários e dois aluguéis, sobram R$ 2.000 para cada um no fim do mês.

    Eles reconhecem que a tecnologia poderia facilitar. Chegaram a fazer um investimento de R$ 20 mil em um equipamento que automatiza os processos. A falta de habilidade para operar a máquina, porém, fez com que ela ficasse mais de um ano parada.

    A empresária Luiza Aparecida Souza da Silva, 36, não utiliza nem mesmo computador no trabalho –assim como ela, 24% dos pequenos negócios no Brasil.

    Para Silva, só seus dotes de confeiteira foram suficientes para abrir a padaria Betel no município de Paraíso das Águas (MS). A cidade tem pouco mais de 4.000 habitantes e apenas uma padaria.

    "Depois das oito ninguém na cidade tomava café da manhã porque não tinha pão para todos", lembra.

    De olho nesse mercado, a empresária investiu R$ 9.000 no negócio. Hoje, ela fatura R$ 5.000 por mês.

    FALTA ESTRUTURA

    Já no caso de Luiz Carlos Garcia Leite, 68, dono da Rio Roma Autopeças, no Rio de Janeiro, a ausência de tecnologia é uma questão geracional.

    "Sou de uma época em que nada dessas tecnologias de hoje existiam, faço as coisas de maneira manual, anoto tudo em cadernos, até a nota fiscal é de talão", afirma.

    O negócio consegue se manter, mas ele reconhece que está perdendo espaço para outras lojas com sistema de dados atualizados.

    "Como não tenho cartão de crédito, acabo pegando cheque e não consigo parcelar as vendas no longo prazo."

    Para o gerente de inovação e tecnologia do Sebrae Nacional, Célio Cabral, o que está em questão é o aumento do nível de competitividade que as tecnologias conferem às empresas em relação àquelas que não buscam se atualizar.

    Por falta de infraestrutura ou de iniciativa, muitos empresários perdem oportunidades criadas pela economia da informação, avalia.

    Em algumas regiões do Brasil, o problema é que apenas prefeituras e prédios públicos têm acesso à internet.

    É o caso do município de Apuí (AM). O pecuarista Aboni Alencar Neto, 28, é dono da Agronegócio Aboni, de criação de gado e piscicultura.

    Ele diz que fatura R$ 10 mil por mês, mas que poderia lucrar mais. "A internet nunca funciona e me obriga a fazer quase tudo por telefone e correios. Poderia monitorar os animais e ter informações em tempo real, mas não há sinal que suporte um sistema on-line", afirma o empresário.

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