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    Indústria de ovos de Páscoa se adapta e inova para sobreviver à crise

    EDSON VALENTE
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    22/03/2016 17h05

    Sérgio Carvalho - 5.abr.2012/Folhapress
    Consumidores em supermercado compram ovos de Páscoa; empresas se adaptaram a crise
    Consumidores em supermercado compram ovos de Páscoa; empresas se adaptaram a crise

    Além de reduzir o tamanho dos ovos, a indústria procurou enfrentar a crise econômica deste ano com novos canais de venda, lançamentos, eficiência logística e redução de custos.

    As 11 principais marcas de chocolate lançaram 147 produtos neste ano, seguindo a tendência dos dois anos anteriores.

    Em unidades e em volume, os números serão parecidos com os dos dois anos anteriores: 80 milhões de ovos ou 20 mil toneladas de chocolate, segundo estimativa da Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados).

    O levantamento da Abicab inclui licenciamentos de personagens, embalagens especiais e brindes diversos -desde canecas até fones de ouvido.

    "Algumas apostam em ovos menores para que o consumidor não deixe de comprar", afirma Ubiracy Fonseca, vice-presidente de chocolate da associação, que responde por 92% desse mercado.

    Outra forma de estimular o apetite dos consumidores é abrir novos canais de venda, na avaliação de Lyana Bittencourt, 36, sócia da consultoria de negócios Grupo Bittencourt.

    "A indústria tem realizado operações de entrega em domicílio e investido em vendas corporativas para as empresas presentearem seus funcionários", diz.

    Há os fabricantes que se fiam em particularidades nutritivas dos ingredientes, como os ovos sem lactose, os sem glúten e os que levam colágeno.

    O nicho "dietético", crescente no mercado de alimentos em geral, passa a ser tendência também entre os produtos para a Páscoa, segundo Lyana.

    "O mercado de chocolates funcionais ainda é pequeno, mas as grandes marcas têm se estruturado para ele", afirma.

    Se os preços ainda assustam muitos consumidores, que pisam em ovos na hora de escolher o que levar para casa, os participantes do setor dizem que a situação poderia ser pior para o bolso.

    "Os fabricantes procuraram fazer mais com menos", diz Fonseca, da Abicab. "Ou seja, aumentar a produtividade, produzir em menos tempo, reduzir o tamanho das embalagens e também dos ovos. Tudo isso foi feito para diminuir os custos e até mesmo as margens e possibilitar as vendas."

    A necessidade de aprimorar os processos passou pelos aumentos nos preços das matérias-primas, segundo Fonseca.

    "A variação cambial afeta os principais insumos, principalmente o cacau, que é vendido em dólar nas bolsas de Nova York e Londres", diz.

    "Além disso, houve aumentos do leite e do açúcar, que subiu 30%. Os gastos com contratações temporárias, distribuição e impostos também impactam os preços dos ovos."

    CONTENÇÃO NO REPASSE

    No entanto, na avaliação da sócia do Grupo Bittencourt, os fabricantes seguraram os repasses para o consumidor.

    Alexandre Costa, presidente e fundador da Cacau Show, calcula em 6% o aumento médio dos preços de seus itens para a Páscoa em relação a 2015 -percentual inferior ao da inflação do ano passado (10,67%). "Como temos crescido muito em eficiência, produtividade e vendas, seguramos as altas de matéria-prima", justifica.

    A marca trabalha com a expectativa de crescimento de 10% nas vendas em relação ao ano passado. Entre ovos e caixinhas de bombons, foram produzidos 7,9 milhões de quilos de chocolate; houve 20 lançamentos e 30 repaginações de produto. Para os mais econômicos a sugestão é o ovo Miau, criado para o público infantil, que sai por R$ 19,90 (180 g).

    Nestlé e Garoto acenam com aumento médio de 10% nos preços. O Grupo CRM, detentor das marcas Kopenhagen e Chocolates Brasil Cacau, projeta um faturamento de R$ 1,35 bilhões nesta Páscoa, com a produção de 3 milhões de ovos -690 toneladas de chocolate. A empresa contratou 650 trabalhadores temporários.

    Na Brasil Cacau, as vendas do período, levando em conta os meses de março e abril, respondem por 31% do total do ano. Do faturamento anual da Kopenhagen, 29% são registrados nessa época.

    Não repassar integralmente os aumentos dos custos dos insumos também foi a política que a Hershey adotou, de acordo com Marcel Sacco, diretor-geral da fabricante no Brasil.

    A Lacta, por sua vez, informa que priorizou neste ano os ovos de 100 g a 270 g que custam até R$ 30. São exemplos os ovinhos recheados Ao Leite e Sonho de Valsa, de 95 g, com preço sugerido de R$ 8,99. A marca produziu 25 milhões de ovos e contratou 8.500 temporários para pontos de venda.

    Com tantas opções nas prateleiras e orçamentos familiares nem tão carregados assim, a recomendação da Abicab ao consumidor é pesquisar os preços com antecedência em vários estabelecimentos e pontos de venda.

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