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    'Uber' egípcio usa dinheiro vivo e telefone para conquistar cliente

    DIOGO BERCITO
    NO CAIRO

    28/03/2016 02h00

    Ahmad Gomaa/Xinhua
    (160227) -- GIZA, Feb. 27, 2016(Xinhua) -- Egyptian taxi drivers protest in front of the Egyptian Council of State against popular taxi service operators Uber and Careem in Giza governorate, Egypt, Feb. 27, 2016. Taxi drivers called on authorities to shut down the operators that have badly damaged their business since they appeared in Egypt months ago. (Xinhua/Ahmad Gomaa)(azp)
    Taxistas egípcios protestam na cidade de El Giza contra serviços Careem e Uber

    Nem Uber nem taxistas. Quem tem se destacado na batalha por clientes no Cairo é uma terceira parte: a start-up Careem, que oferece um serviço moldado à região.

    Fundada em 2012, a empresa -cujo nome significa "generoso", em árabe- tem sua base em Dubai. Hoje, opera em 25 cidades em 10 países, principalmente no norte da África e no Oriente Médio, e diz liderar o mercado nessa área. A cada dois meses, o Careem dobra o número de viagens realizadas.

    Em novembro de 2015, a start-up atraiu um investimento de US$ 60 milhões em "série C" (sua terceira rodada de injeção de capital). O investimento do ano passado foi liderado pelo Abraaj Group, gigante regional de gerenciamento de fundos.

    O valor se soma às duas rodadas anteriores, de US$ 1,7 milhão e US$ 10 milhões, com um salto que deve ser utilizado na expansão da empresa nessa região.

    Uma das explicações para o crescimento do Careem no Oriente Médio está relacionada à sua adequação à região. É possível agendar a viagem com antecedência, além de pagar utilizando dinheiro vivo, duas demandas frequentes entre os seus clientes.

    O pagamento em espécie é um dos trunfos dessa empresa, já que há uma baixa penetração de cartões de crédito no Egito. Estima-se que apenas 10% da população tenha conta bancária ali.

    Em dezembro, o Uber passou a aceitar também pagamentos em espécie no Cairo, hoje uma das poucas exceções do serviço no mundo.

    A adequação do Careem à região está relacionada à história da empresa, surgida a partir das dificuldades diárias de seus empresários.

    "Nossos fundadores criaram o Careem depois de perceber, em suas viagens a trabalho, que era mais fácil agendar um voo do que uma corrida de táxi", afirma à Folha Hadeer Shalabi, 25, a gerente do start-up no Egito.

    A "generosidade" no nome da empresa está relacionada à aposta do Careem na relação com os motoristas, a quem chama de "capitães", e os clientes. Há um serviço de call center para quem prefere agendar por telefone, em vez de pelo aplicativo no celular.

    As tentativas da reportagem em usar o serviço telefônico, porém, levaram a esperas de mais de dez minutos até o atendimento (a firma tem meta de dez segundos).

    ADEQUAÇÃO

    Os desafios da adaptação do Careem à região variam de país a país. No Egito, por exemplo, há uma inundação de denúncias de assédio sexual por parte de motoristas de táxi. Assim como o Uber, o Careem treina seus funcionários para lidar com essa problemática questão.

    O Careem absorveu a experiência de Shalabi, sua gerente no país. Ela havia fundado, anteriormente, um serviço de motoristas na costa norte do país, onde o transporte público é deficiente.

    "Ninguém resolvia esse problema porque as pessoas só vão ao norte nos meses de verão, mas decidi oferecer um serviço temporário", diz.

    Hoje, os motoristas do Careem pagam 20% do valor de suas corridas para o start-up, o mesmo valor pago no Uber. Os "capitães" são contratados via uma terceira empresa, que, por sua vez, paga os impostos ao governo egípcio.

    Neste mês, após os repetidos protestos de taxistas, as autoridades locais anunciaram que vão regular o serviço. Os motoristas devem passar a pagar os impostos diretamente ao governo, por exemplo. Esses arranjos variam de acordo com o país.

    O Uber atua no Egito desde 2014. A empresa investiu US$ 250 milhões na região do norte da África e do Oriente Médio e afirma incorporar 2.000 novos motoristas por mês, a mesma cifra apresentada pelo Careem.

    Procurada pela reportagem, a equipe do Uber não respondeu às questões relacionadas ao serviço no Egito.

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