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    Crítica

    Autor descreve produtividade e erros a partir de histórias reais

    TONI SCIARRETTA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    26/03/2016 02h00

    Associated Press
    Destroços do avião Airbus -A330/200 da Air France encontrado no Oceano Atlântico; autor aponta falta de foco do piloto
    Destroços do avião Airbus -A330/200 da Air France encontrado no Oceano Atlântico; autor aponta falta de foco do piloto

    Por que algumas empresas conseguem produzir mais consumindo menos recursos? E qual é o segredo daquelas pessoas que fazem bem mil coisas no trabalho e ainda têm tempo para ficar com a família, oferecer trabalho voluntário e também tirar uma semana de folga nos meses de maior movimento do ano?

    O novo livro do jornalista do "New York Times" Charles Duhigg, autor do best-seller "O Poder do Hábito", procura responder a questões sobre produtividade e eficiência empresarial narrando diversos casos de sucesso nos negócios, como a construção dos algoritmos de busca do Google, além de fracassos empresariais e tragédias como a do voo 447 da Air France, que caiu em 2009 no trajeto entre o Rio e Paris.

    É aí que o trabalho de repórter de Duhigg, excelente contador de histórias, difere do dos demais autores de autoajuda empresarial vin- do dos cursos de MBA (Master in Business Administration) das escolas de negócios. Os exemplos são histórias reais e recentes do jornalismo de negócios.

    No livro, Duhigg atribui um papel importante na produ- tividade das empresas ao entrosamento de equipes como a dos anos iniciais do programa "Saturday Night Live". Mais do que apostar em es- trelas reconhecidas do público, os produtores procuraram misturar estaturas diferentes de talentos para levar variedade e dar movimento ao programa.

    Apesar do clima competitivo no elenco, atores e escritores se sentiam bastante à vontade para apresentar as ideias mais malucas e improváveis a fim de segurar a audiência do programa. É o que Duhigg chama de "segurança psicológica" dos membros de uma equipe, tornando as pessoas menos preocupadas com o fracasso individual e mais comprometidas com o produto coletivo final.

    Ele sustenta que esse nível mínimo de segurança individual é mais importante no sucesso das equipes do que ideias consideradas ultrapassadas que pregam o consenso nas decisões, impõem desafios constantes aos altos executivos e mandam colocar juntos, no mesmo prédio, os funcionários que pertencem ao cérebro de uma empresa.

    MOTIVAÇÃO

    Outro destaque do livro é o papel da motivação das equipes e dos indivíduos, provavelmente o assunto mais discutido nos manuais de gerenciamento de pessoas.

    Nesse capítulo, o autor foi buscar na medicina explicações para apontar a necessidade da motivação a fim de criar propósito na vida das pessoas e na missão das empresas. Descreveu como um irrequieto homem de negócios se tornou uma pessoa apática, prostrada à frente da televisão, após um pequeno acidente vascular na região do corpo estriado, no centro do cérebro.

    Para Duhigg, a motivação está diretamente ligada à capacidade das pessoas de fazer as próprias escolhas e saber que estão no comando das suas vidas. Isso, afirma ele, explica por que os prestadores de serviços freelancers por períodos temporários são aparentemente mais motivados em determinados trabalhos do que os demais funcionários do quadro fixo de uma empresa.

    FOCO

    Por outro lado, o autor mostra como a falta de foco, a visão estreita dos acontecimentos e o pouco entrosamento nas equipes podem levar a erros grosseiros, a decisões que custam a viabilidade de empresas e também a desastres aéreos, como o do voo 447 da Air France.

    No acidente, que causou a morte de 228 pessoas, as investigações apontaram que o computador de bordo deu ordens inconsistentes para a tripulação, que, sem treinamento apropriado para manejar o avião em grandes altitudes, não soube reagir. Isso fez a aeronave cair até bater no mar.

    Para Duhigg, diante do desconhecido, o piloto pode ter tido uma espécie de confusão mental que chama de "túnel cognitivo". Isso ocorre, afirma ele, em momentos em que uma pessoa sai abruptamente de um estado relativamente confortável de atenção (o piloto automático) para uma situação de pânico.

    "As pessoas ficam foca das demais naquilo que está diretamente em frente aos seus olhos e se tornam preocupadas apenas com as ta- refas imediatas. É o que faz os motoristas pisarem imediatamente no breque quando veem uma luz vermelha à frente."

    O livro será lançado no Brasil pela Objetiva em maio, com o título "Mais Rápido e melhor".

    Smarter, Faster, Better – The Secrets of Being Productive in Life and Business
    AUTOR Charles Duhigg
    EDITORA Penguin Random House
    QUANTO US$ 14,99 (e-book) na Amazon (400 págs.)
    AVALIAÇÃO bom

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