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    Crédito recua em fevereiro com demanda fraca pelas empresas

    TÁSSIA KASTNER
    DE SÃO PAULO

    30/03/2016 02h00

    A atividade econômica em queda e a redução da confiança de empresários derrubaram a concessão de novos empréstimos e reduziram o saldo de crédito do país em fevereiro, quando descontada a inflação.

    O saldo atingiu R$ 3,184 trilhões, ante R$ 3,198 trilhões em janeiro, segundo o BC. Em fevereiro de 2015, o saldo foi de R$ 3,024 trilhões. Os números consideram empréstimos tanto para empresas quanto para famílias.

    Segundo o Itaú Unibanco, em termos reais, o saldo de crédito total caiu 4,6% em fevereiro ante igual mês de 2015. Em janeiro, a queda foi de 4,1%.

    "Os primeiros meses deste ano mostram uma interrupção na expansão de crédito, disse Tulio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC. A queda nominal de 0,5% é a primeira para fevereiro desde 2009, afirmou.

    A queda na demanda por crédito é maior entre empresas. A média diária de contratação de empréstimo caiu 9,5% em fevereiro ante janeiro, consideradas as concessões com recursos livres (sem subsídios), também de acordo com o Itaú Unibanco. Os empréstimos com recursos direcionados recuaram 6,5%.

    As concessões para famílias caíram 2,8%, considerados os empréstimos com recursos livres. No segmento com recursos direcionados, especialmente o financiamento imobiliário, houve alta de 0,3% no período.

    "É mais um indicador que mostra que a situação está piorando", diz Alex Agostini, economista-chefe da Austin Ratings. "Se o crédito cai agora que as empresas estão iniciando a produção do ano, os próximos meses são mais preocupantes."

    "Os dados do primeiro trimestre estão mostrando que o fim do ano passado não foi o fundo do poço", afirma Lenon Borges, analista da Ativa Investimentos.

    JUROS

    O Banco Central mostrou também nova alta nas taxas de juros. O cheque especial chegou a 293,9% ao ano em fevereiro, de volta ao maior patamar desde o início do Plano Real. No entanto, a linha ainda perde como a mais cara do mercado para o rotativo do cartão de crédito, que subiu para 447,5% ao ano.

    Os juros sobem com o aumento do risco de calote. A Folha mostrou que os bancos separaram R$ 148 bilhões em seus balanços para fazer frente aos calotes de 2015 e os que temem levar neste ano.

    A inadimplência em empréstimos com recursos livres ficou estável em 5,5% em fevereiro, no patamar mais alto da série histórica.

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