• Mercado

    Wednesday, 01-May-2024 04:10:31 -03

    Em relatório, Banco Central prevê inflação fora da meta neste ano

    GUSTAVO PATU
    DE BRASÍLIA

    01/04/2016 02h00

    O Banco Central apresentou expectativas para a inflação neste e no próximo ano mais otimistas que as do mercado, mas negou a possibilidade de uma queda dos juros neste momento.

    De acordo com as projeções de seu relatório trimestral de inflação, o IPCA, índice adotado como referência da política de juros, poderá se aproximar da meta de 4,5% em 2017.

    Para o BC, com os juros atuais e o dólar na casa dos R$ 3,70, a inflação fecharia 2016 em 6,6% (acima do teto da meta, que é 6,5% ao ano) e 2017 em 4,9%.

    Considerando as previsões do mercado de um câmbio menos favorável, as projeções sobem, respectivamente, para 6,9% e 5,4% –menos otimistas, as expectativas de bancos e consultorias rondam 7,3% e 6%.

    Cenário 1 - Considera juros estáveis em 14,25% ao ano e dólar a R$ 3,70 durante todo o período

    Em tese ao menos, a crença do BC na desaceleração dos preços reforça apostas, que já surgem entre analistas, de uma queda mais rápida dos juros. Afinal, a economia brasileira deve recuar neste ano algo como 3,5%, segundo a projeção do BC, ou 3,66%, para o mercado.

    O relatório da instituição, entretanto, afirma que "as incertezas associadas ao balanço de riscos para a inflação não permitem trabalhar com a hipótese de flexibilização da política monetária".

    As incertezas mencionadas começam pelas projeções oficiais ainda acima dos objetivos anunciados pelo BC –que promete "adotar as medidas necessárias" para assegurar um IPCA não superior ao teto legal de 6,5% neste ano e no centro da meta em 2017.

    Há também o desequilíbrio recorde nas contas do governo, com um deficit equivalente a 2,1% do PIB nos 12 meses encerrados em fevereiro. Por meio do diretor de Política Econômica, Altamir Lopes, o BC finalmente reconheceu que a política fiscal tem hoje impacto "expansionista" sobre a inflação.

    Cenário 2 - Considera previsões do mercado de juros a 12,5% e dólar a R$ 4,30 até o final de 2017

    Até então, os documentos do órgão apostavam que os ajustes promovidos pelo Ministério da Fazenda neutralizariam os efeitos nocivos do rombo orçamentário sobre a escalada dos preços.

    O BC mantém sua taxa de juros em 14,25% desde o fim de julho do ano passado. Somente nas últimas três semanas, as expectativas do mercado para inflação para este ano começaram a cair.

    Os motivos da queda são o aumento do desemprego, que tira o fôlego do consumo, e o barateamento dos produtos importados com o recuo nas cotações do dólar.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024