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    Poupança interna deve aumentar puxada pelas famílias, diz economista

    ANA PAULA MACHADO
    DE SÃO PAULO

    04/04/2016 18h24

    A poupança interna no país deve aumentar nos próximos anos puxada pelas famílias brasileiras. Segundo o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (FGV) e colunista da Folha Samuel Pessôa, com a crise de confiança e a alta do risco Brasil, a tendência é as famílias se precaverem e guardarem parte da renda.

    Entretanto, segundo ele, essa dinâmica vai se descolar do investimento em capital fixo —investimento em máquinas, equipamentos e estrutura produtiva, que se reflete em crescimento sustentando no longo prazo. Este deve continuar a cair no futuro.

    "Esse indicador, no entanto, não é tão bom economicamente como se imagina. Não vai estimular o crescimento, porque a poupança do setor público não vai acompanhar essa curva, pelo contrário", disse o pesquisador durante o evento "Investimento e poupança na economia brasileira", promovido pela Folha.

    Segundo Pessôa, essa dinâmica já foi vista na economia brasileira no fim do governo Fernando Henrique e no início do governo Lula, entre 1997 e 2004.

    "O risco maior e as incertezas econômicas fazem as famílias se precaverem. Já vemos isso um pouco. Quando as famílias pagam suas dívidas, isso implica poupar parte da renda para esse fim", disse o pesquisador.

    Ele acrescentou que, para aumentar a poupança do setor público, todas as esferas de governo deveriam promover um ajuste severo nas contas e gastar menos do que se arrecada.

    Para ele, neste ano, o deficit primário deverá fechar em R$ 150 bilhões. "É uma crescente. No ano que vem, será R$ 180 bilhões e em 2018, R$ 210 bilhões. Sem a contenção de gastos, essa poupança não poderá ser formada", afirmou o economista.

    O diretor da Dimac (Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicos) do Ipea (Instituto de Políticas Econômicas), Cláudio Hamilton Matos dos Santos, disse que, nos últimos anos, o que sustentou os investimentos fixos no país foram aqueles realizados pelo setor privado na compra de máquinas e equipamentos.

    "Há vários tipos de investimentos, o de construção, o público e o de máquinas e equipamentos. Em construção, 70% dos aportes são realizados pelos governos. Já na outra modalidade, 90% são investidos pelas empresas. Com a retração da economia, esses investimentos caíram. Não se vê mais obras públicas e a indústria opera com ociosidade", afirmou Santos. É um ciclo vicioso: sem investimentos, sem crescimento da economia.

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