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    Petrobras discute queda do preço de combustíveis e ações caem 9%

    NICOLA PAMPLONA
    DO RIO

    05/04/2016 02h00

    As ações da Petrobras despencaram nesta segunda-feira (4), diante de notícias sobre a possibilidade de redução do preço da gasolina e do diesel, vendidos hoje a preços superiores aos praticados no mercado internacional.

    Em resposta a críticas do conselho de administração, o presidente da estatal, Aldemir Bendine, afirmou em carta que ainda não há decisão sobre a medida.

    As ações ordinárias (com direito a voto) caíram 8,83%, e as preferenciais, 9,33%.

    Na carta enviada aos conselheiros, Bendine diz que a companhia monitora permanentemente a composição de custos e o comportamento do mercado e debateu se a redução dos preços poderia reverter a retração das vendas, que chega a 10% neste ano.

    "Não houve qualquer avanço além disso –apenas um debate sobre a elasticidade do mercado neste momento e seus efeitos na nossa estratégia e nos nossos resultados", escreveu o presidente da Petrobras na carta, à qual a Folha teve acesso.

    DEFASAGEM - Diferença entre preço da gasolina no Brasil e no golfo do México (em %)

    Integrantes do conselho de administração encararam o texto como um recuo da diretoria da estatal, que acusam de ceder a apelos do Palácio do Planalto para contribuir com uma agenda positiva em meio ao processo de impeachment da presidente Dilma.

    No domingo (3), o presidente do conselho, Nelson Guedes, chegou a mandar uma mensagem a Bendine alertando para os impactos de uma redução de preços na credibilidade da empresa e ameaçando deixar o cargo.

    Pelo estatuto da Petrobras, a diretoria não necessita de aval dos conselheiros para definir preço de combustível.

    Na carta, Bendine negou "politização" nas discussões. "Estamos todos aqui, diretores e conselheiros, com o objetivo de atender única e exclusivamente os interesses da Petrobras", afirmou.

    PRÊMIO

    Com a queda do preço do petróleo no mercado internacional, a gasolina e o diesel estão sendo vendidos no Brasil a um custo bem superior ao praticado no exterior.

    As contas variam entre especialistas: de acordo com a Tendências, por exemplo, a diferença é hoje de 23,5% no caso da gasolina e de 42,7% no caso do diesel.

    O Centro Brasileiro de Infraestrutura calcula que, na média de março, a gasolina no Brasil foi vendida a um valor 24,8% superior ao do mercado internacional. Já no caso do diesel, o prêmio da estatal foi de 50,4%.

    Entre os conselheiros da Petrobras, porém, é majoritária a visão de que a estatal não deve reduzir preços neste momento, sob o risco de prejudicar o processo de ajuste em suas contas.

    Com uma dívida de quase R$ 500 bilhões, a companhia vem cortando custos e investimentos para tentar sobreviver à crise. Na sexta-feira (1), anunciou um plano de demissão voluntária para cortar até 12 mil trabalhadores.

    Estimativas internas apontam que a Petrobras deixou de receber R$ 100 bilhões entre 2011 e 2014, período em que subsidiou o preço dos combustíveis.

    Para o consultor Walter de Vitto, da Tendências, as perdas só serão totalmente recuperadas se os preços forem mantidos no patamar atual pelos próximos seis meses.

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