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    Crédito para veículos desaba e reduz venda no primeiro trimestre

    ANA PAULA MACHADO
    DE SÃO PAULO

    07/04/2016 02h00

    A crise de confiança na economia já impactou os financiamentos de veículos no país. Segundo a Anfavea (associação dos fabricantes), no primeiro trimestre deste ano os contratos chegaram ao pior nível desde 2005, o que influenciou diretamente as vendas das montadoras.

    Os financiamentos representaram 51,4% do total de vendas. Historicamente, esse percentual fica acima de 60%. Os licenciamentos, no período, caíram 28,6%.

    "Com a taxa de desemprego alta, o cliente não vai se arriscar no financiamento. Aliada a isso, há ainda a escassez do crédito. Os bancos preferem conceder empréstimo aos clientes mais antigos", disse o presidente da Anfavea, Luiz Moan.

    Dados da Cetip, empresa do mercado financeiro que acompanha as transações, também apontam para contração nas vendas financiadas de automóveis. A fatia era de 57,2% dos financiamentos em janeiro e, em fevereiro, caiu a 55,6%. A empresa ainda não tem os dados de março.

    O crédito mais escasso contribuiu para a queda nas vendas de veículos: 481,31 mil no primeiro trimestre deste ano, 28,6% menos que as 674,38 mil do período em 2015.

    No mês passado, foram licenciadas 179,2 mil unidades, queda de 23,6% no comparativo com março de 2014.

    A média diária de vendas foi menor em março do que em fevereiro. Foram vendidos, por dia, 8.146 veículos, em 22 dias de trabalho. Em fevereiro, o setor comercializou 8.156 unidades/dia.

    Segundo a Anfavea, a queda foi maior do que a esperada e se deve ao agravamento da crise política no país.

    Como reflexo do recuo nas vendas, a produção de veículos no trimestre alcançou o menor nível desde 2003. As montadoras instaladas aqui fabricaram 482,29 mil veículos ante 667,57 mil unidades no mesmo período de 2015, declínio de 27,8%.

    Em relação ao mês de março, o recuo foi de 23,7% no comparativo com 2015, 195,3 mil ante 255,9 mil.

    Moan afirmou que, por causa desse nível mais baixo de atividade, a ociosidade no trimestre está maior que a esperada. No segmento de automóveis e veículos comerciais leves, por exemplo, 60% das linhas de montagem estão paradas, já em caminhões e ônibus, esse patamar atingiu 81,6%.

    Isso afeta diretamente no nível de emprego, segundo a Anfavea. O setor fechou março com 38.792 empregados em lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho) e no PPE (Programa de Proteção ao Emprego).

    No total, a folha de pagamento das montadoras conta com 128,5 mil pessoas, 8,7% a menos que no mesmo período de 2015, quando o quadro de funcionários girava em torno de 129,9 mil.

    NEM EXPORTAÇÃO SALVA

    Embora o número de unidades exportadas tenha se ampliado –de janeiro a março foram embarcados 98,8 mil veículos, aumento de 24%–, a queda no valor dos produtos vendidos fez cair o valor das vendas externas.

    A receita passou de US$ 2,43 bilhões para US$ 2,25 bilhões no trimestre, redução de 7,6%, mesmo com a valorização do dólar médio, de R$ 2,86, no primeiro trimestre de 2015, para R$ 3,89 neste ano.

    Moan disse aguardar o acordo de exportação de veículos para o Irã para as próximas duas semanas. Pelos cálculos da Anfavea, o mercado iraniano pode absorver 140 mil automóveis, 17 mil ônibus e 35 mil caminhões.

    O vice-presidente de logística da Scania Latin America, Fábio Castello, afirmou que o Irã deverá se tornar um dos principais mercados para a marca.

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