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Caixa Econômica Federal aumentou taxas de juros do crédito imobiliário no final de março |
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Mercado
Friday, 26-Apr-2024 06:06:09 -03Caixa Econômica elevou juros sob pressão de bancos privados
MACHADO DA COSTA
DE BRASÍLIA08/04/2016 02h00
Executivos dos grandes bancos privados procuraram a Caixa Econômica Federal para pedir a elevação dos juros do crédito imobiliário. A Folha apurou que a solicitação, ocorrida durante reunião no início de março, influenciou a decisão do banco estatal de subir as taxas, no dia 28 do mês passado.
Com os constantes saques na poupança, as instituições privadas vêm enfrentando o esgotamento da fonte de recursos menos onerosa para as operações de financiamento da casa própria.
A fim de manter a oferta de crédito imobiliário, a saída tem sido lançar mão de recursos mais caros, o que torna os empréstimos mais salgados para o mutuário.
Ao pedir à Caixa que também elevasse suas taxas, os grandes bancos buscavam a convergência de juros no mercado e a garantia de competição no setor.
A Caixa é o principal agente de financiamento imobiliário no país, com uma participação de mercado acima de 67% e o único a ainda ter recursos para bancar empréstimos mais baratos.
Oficialmente, a Caixa afirma que a elevação das taxas foi provocada pela queda do saldo da poupança, que pressionou o custo de captação de recursos pelo banco. A assessoria não confirmou o encontro com representantes dos grandes bancos privados.
O presidente da Abecip, Gilberto Duarte de Abreu Filho, associação que representa as instituições financeiras no segmento imobiliário, afirma que não pode comentar o teor da reunião porque não participou dela.
Procurada, a Febraban, federação dos bancos, não se pronunciou. Segundo ela, a entidade competente para o assunto é a Abecip.
POUPANÇA
De acordo com a Abecip, a retirada líquida de recursos da poupança somou R$ 16 bilhões apenas nos dois primeiros meses de 2016. Na comparação em 12 meses, o sal- do apresentou queda de 3,7% em fevereiro deste ano em relação a igual período do ano passado.
Duarte afirma que os bancos estão pressionados pelo esgotamento dos recursos da poupança. "Anualmente, cerca de R$ 50 bilhões são liberados pelas amortizações dos empréstimos. Mas a retirada de recursos da poupança tem pressionado as instituições. Hoje, o funding [recurso] restante são as LCI [Letras de Crédito Imobiliário]", diz.
Essas letras são títulos de renda fixa adquiridos por investidores nos bancos, e os valores são revertidos para o financiamento de imóveis. Nesse segmento, as operações costumam ter taxas entre um e dois pontos percentuais acima dos contratos com recursos da caderneta de poupança.
Enquanto os bancos privados buscam recursos em ativos mais caros, a Caixa vem ampliando suas operações com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), que é uma fonte mais barata de recursos para o crédito imobiliário.
"Para os bancos privados, se o custo médio é maior, isso tem que ser repassado", diz Duarte. "A Caixa é mais do que um banco hipotecário, é um operador de recursos sociais", afirma ele.
OUTRO LADO
Após a publicação da matéria, a Caixa, por meio de nota, reiterou que o que levou ao aumento dos juros foi a estratégia própria do banco, e não a pressão de outros bancos.
A Caixa afirma que não houve reunião com outros bancos, no dia 28 de março ou em qualquer outra data, para tratar de aumento de juros do crédito imobiliário.
A Caixa também ressalta que o Conselho Diretor do banco havia autorizado o aumento das taxas desde dezembro de 2015, o que foi efetuado apenas em março deste ano. Esse período foi necessário para avaliar se haveria tendências de mudanças no comportamento dos saldos da poupança.
Segundo o banco estatal, o aumento da taxa de juros está associado à composição do funding da carteira de crédito imobiliário SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), que é impactado pelo comportamento dos depósitos da poupança.
A elevação da taxa de juros é uma consequência natural do comportamento da economia e faz parte da estratégia individual de cada banco.
A Caixa destaca, ainda, que as taxas de juros dos financiamentos habitacionais com recursos do Programa Minha Casa Minha Vida e do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) não sofrerão qualquer alteração.
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