• Mercado

    Friday, 10-May-2024 02:13:49 -03

    Incertezas prosseguem com ou sem Dilma, dizem consultores

    MARIANA CARNEIRO
    TÁSSIA KASTNER
    DE SÃO PAULO

    08/04/2016 02h00

    As incertezas sobre a política e a economia não se encerram com uma decisão sobre o eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff, afirmam consultores políticos e economistas.

    Tanto se Dilma sair quanto se a presidente permanecer no cargo, há dúvidas sobre a resolução do impasse político, cujo efeito sobre a economia é a grave recessão.

    Desde a semana passada, quando o governo passou a negociar cargos com os partidos menores da base aliada (PP, PTN, PR e PSD), analistas passaram a considerar mais difícil o impeachment.

    O consultor político Christopher Garman, da Eurasia, contratada por bancos e gestoras, afirma que se o impeachment não prosperar, a pressão política pelo afastamento da presidente subirá.

    Na sua avaliação, há 60% de chance de Dilma sofrer um impeachment e 75% de ela não terminar o mandato.

    "Nossa convicção de [Dilma] não terminar [o mandato] é alta, mas o caminho da queda é difícil de antecipar. Se o governo vencer a batalha do impeachment, aumentaríamos a probabilidade de novas eleições", disse Garman, em evento organizado pelo Itaú Unibanco com cerca de 1.000 empresários, investidores e analistas.

    "A crise econômica vai se aprofundar e a insatisfação social vai aumentar. É um ambiente difícil para um governo manobrar, por isso diminuímos a probabilidade de impeachment, mas não a probabilidade da presidente não terminar o mandato", disse.

    O professor da FGV Oscar Vilhena, também no evento, observou que Dilma enfrenta não apenas um processo de impeachment, mas uma "onda", que prevê um eventual novo pedido de julgamento político e a análise da validade da chapa Dilma-Temer pela Justiça Eleitoral.

    "Deveríamos olhar a presidente Dilma não submetida a um processo de impeachment, mas a um conjunto de ondas que se sobrepõem a esse primeiro processo", disse.

    Para Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central, a composição de um eventual governo Michel Temer será complexa, algo que o mercado pode estar subestimando.

    "Os partidos, como o PSDB, terão pedidos a fazer e a negociação política não será simples", disse.

    Em caso de o impeachment não ocorrer, Franco crê que o mercado financeiro deve reagir mal. E a crise não acaba.

    "Se não acontecer, não se encerra o assunto. Claro que será uma decepção, o mercado não vai gostar. Porém o jogo continua", disse.

    Para Garman, Temer poderia montar uma boa equipe e animar o mercado, mas a Lava Jato continuará pairando sobre seus aliados, e o PT se queixará de que as regras do jogo não foram respeitadas.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024