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    Inflação desacelera para 0,43% em março com queda na tarifa de energia

    BRUNO VILLAS BÔAS
    DO RIO

    08/04/2016 09h12

    A inflação medida pelo IPCA, índice oficial do país, caiu pela metade em março, com a baixa do preço da energia elétrica no mês, resultado da mudança da bandeira tarifária da conta de luz de vermelha para amarela.

    Segundo dados divulgados nesta sexta-feira (8) pelo IBGE, o IPCA foi de 0,43% no mês passado, abaixo do índice apurado em fevereiro desde ano (0,90%) e do mesmo mês do ano passado (1,32%).

    Com a desaceleração no mês, o índice acumulado nos últimos 12 meses voltou a ficar na casa de um dígito: 9,39%. Isso não acontecia desde outubro do ano passado, quando estava em 9,93%, segundo os dados do IBGE.

    Trata-se do menor índice para o mês de março desde 2012 (0,21%).

    Inflação - Variação do IPCA, em %

    Os economistas consultados pelo Valor Data previam a inflação em 0,45% no mês passado, considerando a média das projeções. Para o acumulado em 12 meses, a expectativa era de uma desaceleração para 9,41%.

    Mas vale lembrar que a inflação permanece muito acima do teto da meta do governo para este ano, de 6,5% –o centro da meta é 4,5%, com uma margem de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

    Os economistas têm revisado para baixo, a cada semana, suas projeções para o índice neste ano. Pelo boletim Focus, do Banco Central, os analistas preveem o IPCA a 7,28% ao fim deste ano e de 6% ao fim de 2017.

    Com a inflação desacelerando e a atividade econômica desaquecida, os economistas consultados pelo Focus preveem que o BC corte em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros (Selic) neste ano, para 13,75% ao ano.

    ALIMENTOS

    A inflação de alimentação e bebidas foi uma das surpresas no resultado do mês, ao acelerar na passagem de fevereiro (1,06%) para março (1,24%), segundo a pesquisa do IBGE. Economistas esperavam queda.

    Os alimentos responderam assim por 74% da alta da inflação em março, com impacto de 0,32 ponto percentual no índice.

    Dentro dos alimentos, as frutas foram as que mais contribuíram para a alta dos preços no mês. Outros itens com aumentos expressivos foram cenoura (14,52%), açaí (13,64%) e alho (5,70%).

    A principal contribuição para a desaceleração da inflação veio da conta de luz, que teve deflação de 3,41%. O motivo foi a mudança da bandeira tarifária da conta de luz, que passou de vermelha e para amarela.

    Inflação - Por grupos, em %

    Sozinho, o item energia elétrica ajudou a reduzir em 0,13 ponto percentual a inflação no mês.

    No ano passado, o aumento da tarifa da energia foi uma das vilãs da inflação. Agora, com a bandeira amarela, a cobrança extra na conta caiu de R$ 3 para R$ 1,50 por cada 100 kilowatts-hora consumidos.

    "A energia deu um alívio no mês, mas ela não devolveu tudo que pegou para ela. O patamar de preços está alto e, por isso, é preciso ter cuidado. Ela continua custando muito no bolso do consumidor", disse Eulina Nunes, técnica do IBGE.

    Segundo o IBGE, as contas ficaram mais baratas também por causa da redução no valor das alíquotas de PIS/COFINS ocorrida na maioria das regiões pesquisadas.

    Com isso, a deflação inflação do grupo habitação (que inclui energia elétrica) passou de 0,02% em fevereiro para 0,10% em março. Foi responsável por um impacto de 0,10 ponto percentual na inflação geral do mês passado.

    Além da energia elétrica, o grupo de habitação foi ajudado pela taxa de água e esgoto, que teve deflação de 0,43% em março, influenciada pela região metropolitana de São Paulo (2,99%).

    Segundo o IBGE, essa queda foi fruto da aplicação do fator de 0,78 à média de consumo para fins do cálculo do bônus tarifário concedido por meio do Programa de Incentivo à Redução do Consumo de Água.

    Outra contribuição veio da inflação do grupo educação, que tinha avançado 5,90% em fevereiro e recuou para 0,63% em março. Escolas e faculdades tem reajuste de mensalidades concentradas em fevereiro.

    Dos 453 itens pesquisados para compor o IPCA, 69,44% tiveram aumento de preços em março. Essa difusão foi bem menor do que a de fevereiro (77,2%). Um índice próximo de 70%, contudo, ainda é considerado elevado.

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