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    Crise faz inflação de serviços ceder ao menor nível em mais de cinco anos

    BRUNO VILLAS BÔAS
    DO RIO

    08/04/2016 11h25

    Com o consumo das famílias em queda por causa da crise econômica, a inflação de serviços desacelerou em março pelo quatro mês consecutivo e chegou ao menor patamar em mais de cinco anos.

    Conforme dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (8), os serviços acumularam uma alta de 7,49% nos últimos 12 meses, abaixo da registrada em fevereiro (7,86%) e do pico de 8,54% de julho do ano passado.

    Trata-se da taxa mais baixa apurada desde novembro de 2010 (7,36%), segundo cálculos da consultoria Tendências.

    Márcio Milan, economista da Tendências, disse que a desaceleração dos preços dos serviços ocorre na esteira da piora da renda dos trabalhadores desde o ano passado, uma das faces mais cruéis da crise.

    "A renda começou a piorar sobretudo a partir do segundo semestre do ano passado. Isso está gerando a menor demanda por serviços que, consequentemente, acabam evitando aumentar seus preços", disse Milan.

    Foi na esteira do aumento da renda do brasileiro na última década que serviços como refeições fora de casa, aluguéis e escolas ficaram mais caros e se tornaram um dos grandes vilões da inflação.

    Com a crise, a desaceleração desses preços era esperada por economistas desde o ano passado, mas o setor vinha se mostrando resistente. Um dos motivos era a pressão de custos sobre o setor no país.

    "Como houve forte aumento da tarifa de energia em 2015, isso precisou ser repassado ao consumidor. Mas, agora, essa desaceleração deve continuar pela frente nos próximos meses", afirmou.

    Pelas projeções da consultoria Tendências, os preços dos serviços devem fechar o ano com aumento médio de 7,2%. Após a divulgação do IPCA nesta sexta-feira, a consultoria avalia revisar o número para baixo.

    Eulina Nunes, coordenadora de Índices de Preços do IBGE, disse que a desaceleração dos preços ainda não está espalhada pela economia, mas pode ser identificada em diversos itens.

    Seria o caso, por exemplo, a alimentação fora de casa (restaurantes, lanchonetes). Os preços desse serviço aumentaram 0,55% em março, bem abaixo dos preços dos alimentos (1,24%).

    "Temos visto pessoa de restaurantes buscar formas de substituir carne pelo frango para conter custos. Então, esse processo já começou", disse a técnica do IBGE.

    Dentro do setor de serviços há também itens em deflação (queda de preços), como passagens aéreas (-10,85%) e excursões (-2,49%), por exemplo.

    O IBGE calcula a inflação de serviços desde janeiro de 2013. Pelas contas do instituto, a inflação de serviços em março foi a menor em toda a sua série.

    Especialistas lembram que a desaceleração dos preços não significa que o custo de vida do brasileiro tenha sofrido algum alívio. Os preços estão apenas subindo mais lentamente.

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