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    Saiba se é a hora certa de vender seus títulos do Tesouro Direto

    TÁSSIA KASTNER
    DE SÃO PAULO

    11/04/2016 02h00

    Léo Burgos - 09.jun.2014/Folhapress
    SÃO PAULO, SP, 09.06.2014: ECONOMIA-SP - Foto de três maços de dinheiro de R$20, R$50 e R$100 reais. (Foto: Léo Burgos/Folhapress)
    Pode valer a pena vender títulos do Tesouro Direto antes do vencimento

    O turbulento cenário político e econômico abriu uma oportunidade para quem tem títulos do Tesouro e pensa em vendê-los para reforçar o caixa nesse momento de crise.

    Em fevereiro, os analistas do mercado passaram a considerar a saída da presidente Dilma no cálculo da rentabilidade dos investimentos de seus clientes. Resultado: as taxas de juros futuros, que disparavam no ano passado com os problemas fiscais do governo, passaram a cair.

    Editoria de arte/Folhapress
    LUCRO ANTECIPADOVeja quando e se vale vender seu título público antes do vencimento

    Os juros e a inflação balizam a rentabilidade dos títulos públicos. E o preço desses papéis é inversamente proporcional ao retorno que oferecem. Por isso, Tesouro IPCA+ e Tesouro Prefixado valorizaram-se desde dezembro do ano passado. Quem comprou um título do Tesouro IPCA em dezembro por R$ 713,15, hoje venderia por R$ 856,69, alta de 20,13%. No Tesouro Prefixado o aumento foi de 14,42%.

    Mas não é só a valorização do papel que deve ser levada em conta na hora de decidir se desfazer dele. É preciso considerar qual será a rentabilidade no futuro.

    A venda desses títulos só faz sentido com a aposta de que haverá um agravamento da recessão. Caso o governo recupere o rumo da economia, pode ser mais interessante manter o investimento. Isso porque, dificilmente, será possível comprar o mesmo título lá na frente com a rentabilidade do papel vendido. O retorno será mais baixo.

    "Se o investidor já pretendia resgatar os recursos em um ano, é hora de vender. Mas se é para aposentadoria, por exemplo, não", afirma Michael Viriato, coordenador do laboratório de finanças do Insper.

    CENÁRIO

    Economistas ouvidos pelo Banco Central estimam que a Selic, atualmente em 14,25% ao ano, vai terminar o ano em 13,75%. Para 2017, a estimativa é de 12,50%.

    Isso indica que poderá ser mais difícil para um investidor encontrar rentabilidade equivalente à que tem hoje, contratada durante a crise.

    "Se vender agora, o investidor poderá abrir mão de rendimento de 7% ao ano mais o IPCA", afirma Daniel Chiavenato Mazza, planejador financeiro.

    Hoje o Tesouro IPCA+ paga ao redor de 6,5% ao ano mais variação da inflação, estimada por economistas para terminar o ano em 7,28%.

    O índice oficial de inflação (IPCA) em 12 meses até março ficou em 9,39%. No ano passado, foi de 10,67%.

    O Tesouro Prefixado remunera até 14% ao ano, mas chegou a pagar mais de 16% no fim do ano passado.

    Fábio Colombo, administrador de investimentos, sugere a quem tem títulos rendendo mais de 7% ao ano só vender o papel caso a rentabilidade do título caia para cerca de 5%.

    CUSTO ELEVADO

    Comprar e vender títulos do Tesouro no curto prazo pode sair caro para o pequeno investidor.

    A alíquota de Imposto de Renda, cobrada sobre o lucro na venda, é regressiva: parte de 22,5%, para aplicações de até 180 dias, e chega a 15%, depois de dois anos. Nos resgates em menos de um mês incide ainda IOF. Há ainda as taxas. A BM&Bovespa cobra 0,30% ao ano pela custódia do papel. O valor é proporcional ao tempo de aplicação.

    É preciso considerar também a taxa de corretagem das corretoras. Algumas ainda oferecem isenção desse custo. "Vender um título tem taxa, tem 'spread' [a diferença entre o preço de compra e de venda], tem que ficar acompanhando a melhora para comprar", diz Viriato.

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