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    Produto diferenciado ajuda pequeno empresário a licenciar marcas de sucesso

    DIEGO IWATA LIMA
    DE SÃO PAULO
    FABIANA FUTEMA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    17/04/2016 01h00

    Garantir a estampa de um personagem conhecido das crianças num produto pode ajudar a aumentar as vendas, afirmam pequenos empresários que investem em licenças de marcas famosas.

    No Brasil, 70% dos itens licenciados são voltados justamente para as crianças, segundo a Abral (Associação Brasileira de Licenciamento).

    Para conseguir a estampa do Homem Aranha ou do Bob Esponja, o primeiro passo é procurar o detentor dos direitos de uso da imagem.

    Moacyr Lopes Junior/Folhapress
    Dilson Nascimento, da Biotropic, que faz produtos cosméticos com marcas famosas
    Dilson Nascimento, da Biotropic, que faz produtos cosméticos com marcas famosas

    As marcas nacionais e algumas estrangeiras têm escritórios no Brasil. Em outros casos, um agente especializado representa as empresas.

    Marcas brasileiras, como Galinha Pintadinha e Show da Luna!, costumam ter o mesmo custo das estrangeiras. Mas perdem em variedade: 75% do segmento são dominados pelos estrangeiros, afirma Ferreira, da Abral.

    Para conquistar o interesse de gigantes como Disney e Warner, o pequeno empresário tem que oferecer exclusividade ou um diferencial de produto e design.

    "É o preço pago pelo empresário por não ter uma reputação comprovada no mercado", diz Marici Ferreira, presidente da Abral.

    Na dedicação exclusiva, a empresa se compromete a produzir o item somente com a embalagem de determinado personagem.

    A Biotropic, empresa de cosméticos criada em 2005, aposta na fórmula do design e faz embalagens que parecem brinquedos.

    O primeiro item licenciado foi desenvolvido em 2008, com a cara do personagem Bob Esponja. "Primeiro criamos o produto e depois procuramos o detentor da licença, a Viacom", conta Marconi Arruda, um dos sócios da Biotropic junto a Dilson Nascimento.

    TAXAS

    Os contratos de uso de marca duram, em geral, três anos.

    A empresa licenciadora calcula um valor a ser pago de adiantamento, com base na projeção de vendas, uma garantia mínima de retorno e um percentual de royalties sobre as vendas realizadas.

    Arruda não revela quanto paga, mas diz que o custo maior compensa. "Hoje, metade de nossa linha de produtos é de licenciados", diz o empresário, que tem quase 30 marcas contratadas.

    A linha Barbie é o carro-chefe da companhia.

    Mas nem sempre um personagem famoso basta para conquistar espaço nas gôndolas das redes varejistas.

    "Às vezes, é necessário abrir mão de parte do faturamento para oferecer margem de lucro maior para as varejistas apostarem no produto", afirma Arruda.

    Os pequenos empresários também podem conseguir licenças pela fama em seus segmentos, diz Marcos Bandeira de Mello, gerente-geral de licenciamento da Warner, dona de nomes como Batman e Superman.

    "Uma empresa que dite tendência e forme opinião pode ser mais adequada para a exposição da marca do que uma companhia de alcance mais amplo", diz Mello.

    O uso de marca registrada pode ajudar ainda na distribuição e na divulgação dos produtos, afirma Heveraldo Galvão, consultor de negócios jurídicos do Sebrae-SP.

    "O licenciado também compra o know-how que a marca oferece", afirma.

    Para o lojista, um dos desafios é saber qual marca colocar em sua prateleira.

    "Além da diversidade, precisamos escolher marcas que vão ser procuradas por mais tempo. O consumidor se cansa muito facilmente dos personagens", diz Sandra Nishi Rivera, dona da papelaria Momotaro, fundada há 50 anos pelo seu pai. Hoje o negócio é comandado por ela e sua mãe.

    Marcus Leoni/Folhapress
    Sandra Nishi, dona da papelaria Momotaro
    Sandra Nishi, dona da papelaria Momotaro

    Cerca de 40% do faturamento da loja vem da venda de produtos licenciados, principalmente de cadernos. Entre as marcas que viraram 'zebra', segundo ela, há desde programas nacionais de TV até grupos musicais. "Tem produto que a gente compra e acaba ficando na loja. As pessoas não querem levar nem de graça."

    CAUTELA

    Como toda parceria de negócios, é preciso cautela na obtenção de licenças.

    A fabricante de brinquedos Big-Star encerrou vários licenciamentos. "Além dos royalties serem muito caros, tivemos problemas com contratos. Mantivemos apenas um", diz Fernanda Mendes, diretora de comunicação.

    O importante, afirma Galvão, é nunca usar marcas sem autorização. "Muitos fazem não por má-fé, mas por falta de informação. Mas quem é pego, pode ter de pagar indenização", avisa.

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