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    Empresas reforçam aposta em produtos caros no Brasil

    FILIPE OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    17/04/2016 02h00

    Alessandro Shinoda - 7.jun.2011/Folhapress
    SÃO PAULO, SP, BRASIL, 07-06-2011, 17h06: Fotos do Mc Lanche Feliz. Justiça de Belo Horizonte proíbe a venda de lanches com brinquedo para não incentivar o consumo. (Foto: Alessandro Shinoda/Folhapress, 4924, COTIDIANO)
    McLanche Feliz, do McDonald's

    Mesmo com o Brasil em crise e a inflação corroendo a capacidade de compra da população, empresas apostam em reforçar a oferta de produtos mais caros.

    Os itens premium vão de sanduíche artesanal do McDonald's a fraldas da Pampers com maior absorção, pães de queijo com apelo saudável e vodca a R$ 28,50 da mesma produtora da bebida popular Sidra Cereser.

    Segundo a consultoria Nielsen, 54% dos lançamentos feitos no ano passado foram de produtos mais caros do que os disponíveis.

    Para o levantamento, a consultoria observou um grupo de 42 categorias. Nas marcas já existentes, foram considerados como mais caros aqueles com preço acima da média praticada pela marca.

    No caso de novas, foi usado o preço médio da categoria em que ele está inserido.

    Entre as razões para a aposta no premium, em um momento em que muitos consumidores precisam economizar, estão desde o surgimento de oportunidades inesperadas na crise como até a tentativa de manter a rentabilidade, mesmo com um número menor de vendas.

    A alta do dólar abriu espaço para que a Castelo Alimentos, maior produtora de vinagre no país, entrasse no nicho gourmet de sua categoria.

    A empresa lançou no ano passado linha de vinagres feitos a partir de vinho tinto da uva cabernet sauvignon.

    O objetivo do lançamento é atender consumidores que, durante os anos de bonança, passaram a comprar vinagres importados, segundo Marcelo Cereser, diretor-superintendente da empresa. Enquanto um vinagre comum pode ser comprado por até R$ 1,50, o que é feito a partir de vinho custa entre R$ 10 e R$ 12.

    TIRO CERTEIRO

    O McDonald's lançou em fevereiro o ClubHouse, seu primeiro sanduíche artesanal no Brasil. O lanche tem como ingredientes pão de brioche e cebola caramelizada.

    Na comparação com o Big Mac, o sanduíche artesanal sai por a partir de R$ 23,50 (sem acompanhamentos), ante R$ 14,50 do lanche mais conhecido da rede.

    A explicação da empresa para a aposta no premium é que, para economizar, parte dos consumidores reduziu a ida às lojas e, quando vão, querem dar um "tiro certeiro", consumindo algo de maior qualidade, segundo Roberto Gnypek, vice-presidente de marketing da rede.

    "É um novo equilíbrio de relações. Se você perde frequência, busca entregar mais valor para manter a rentabilidade", afirma Gnypek.

    Além disso, o executivo afirma que a nova linha irá atrair clientes que estavam acostumados a consumir sanduíches gourmet ou artesanais em locais mais caros.

    Para Daniela Khauaja, coordenadora acadêmica de pós-graduação da ESPM, a aposta em produtos mais caros na crise tem mais a ver com fortalecimento de marca do que com potencial de mercado para as novidades.

    "As empresas sabem que esses são produtos de nicho, aspiracionais. Por mais que as pessoas estejam procurando um escapismo, um pequeno prazer, o bolso está curto. O produto de preço acessível é o que vai vender mais."

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