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    Brasil pode precisar aumentar impostos, diz ex-presidente do BC

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE NOVA YORK

    19/04/2016 02h00

    Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
    Henrique Meirelles durante evento em São Paulo; ele defende que governo aumente tributação
    Henrique Meirelles durante evento em São Paulo; ele defende que governo aumente tributação

    Um dia depois de a Câmara aprovar o pedido de impeachment contra a presidente Dilma, Henrique Meirelles, um dos cotados para a Fazenda em um eventual governo Michel Temer, já a dava a página por virada.

    "É importante olhar para a frente", disse o ex-presidente do BC em evento em Nova York nesta segunda (18).

    Sobre a possibilidade de assumir a Fazenda, Meirelles disse que "não comenta nenhum tipo de conversa particular". Indicou, contudo, o que faria para "assegurar que o Estado brasileiro recupere a confiança".

    O ex-presidente do Banco Central não descarta a hipótese de aumentar impostos, o que "talvez seja necessário, mas claramente temporário".

    A lista de Meirelles inclui ainda a reforma tributária. Para ele, o calcanhar de Aquiles do país está mais na complexidade tributária do que no tamanho dessa carga, o que afeta empresas e afugenta investimentos do país.

    Sem as reformas necessárias, não espere um PIB fortalecido em dez anos, alertou o presidente do BC.

    Na sua apresentação, ele projetou três cenários para a expansão do PIB na próxima década: 1,2% se nada for feito, 2,6% com ajustes básicos e 4% com reformas efetivas.

    FUTURO INCERTO

    Também presente ao evento organizado pela Câmara de Comércio Brasil-EUA, o secretário de Política Econômica, Manoel Carlos de Castro Pires, disse que é preciso pensar "a curto, médio e longo prazo" e "atravessar a tempestade política para chegar ao verão".

    Nomeado pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, há quatro meses, Pires disse à Folha que a ordem é "continuar trabalhando", ainda que o futuro da atual administração seja incerto.

    "Independentemente da crise, vamos deixar a agenda necessária [para a recuperação da economia]. Os desafios econômicos são os mesmos, seja qual governo for."

    O secretário tentava passar algum otimismo para a plateia de investidores. Ele próprio, contudo, elencava dados pífios do desempenho da economia nacional.

    Caso se cumpra a previsão de queda do PIB pelo segundo ano consecutivo, após encolhimento de 3,8% em 2015, será um fato inédito desde os anos 1930.

    Pires afirmou que era "difícil dar à agenda econômica a importância que ela precisa", mas, assim que a "tempestade" passasse, o governo apresentaria políticas para "retomar o caminho do crescimento", entre elas a reforma da Previdência.

    MAIS AUSTERIDADE

    Carlos Kawall, economista-chefe do Safra, que também esteve no encontro, pediu "mais austeridade" e menos crédito subsidiado. "Estamos exatamente no tipo de situação pela qual países europeus passaram", disse, lembrando de crises em Portugal e Grécia.

    Sugeriu a adoção de medidas impopulares, como redução de salário por meio de jornadas parciais de trabalho.

    Para Kawall, a "bala de prata" na crise seria uma emenda constitucional que desse ao governo mais mobilidade para cortar despesas orçamentárias.

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