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    Deficit do Brasil com o exterior segue em queda apesar de dólar mais barato

    EDUARDO CUCOLO
    DE BRASÍLIA

    20/04/2016 11h10

    Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas
    Com queda do petróleo, dólar opera em alta nesta quarta-feira fotos públicas e dolar
    Alta do dólar e queda na atividade econômica reduziram a procura por bens e serviços de outros países

    A valorização do real no final de março não alterou a trajetória de queda no deficit do Brasil nas suas transações com o exterior. O país registrou no mês passado um resultado negativo de US$ 855 milhões, segundo o Banco Central. Desde agosto de 2009, o número não ficava abaixo de US$ 1 bilhão.

    No acumulado do ano, houve queda de 70% no deficit, para US$ 7,6 bilhões. Na comparação com o PIB (Produto Interno Bruto), o deficit externo do Brasil encerrou o primeiro trimestre de 2016 em 2,39% no acumulado em 12 meses, menor percentual desde março de 2010.

    Transações correntes - Em US$ milhões

    A alta do dólar e a queda na atividade econômica reduziram a demanda por bens e serviços de outros países no período.

    A redução no deficit externo tem sido apontada pelo governo como o ajuste na economia brasileira que foi bem sucedido em 2015, por ter contribuído para reduzir a vulnerabilidade do país nessa área.

    No comércio exterior, por exemplo, o país passou de um deficit de US$ 5,8 bilhões no primeiro trimestre de 2015 para um superavit de US$ 7,8 bilhões neste ano, pois as exportações voltaram a superar as importações.

    O deficit com viagens ao exterior (despesas dos brasileiros lá fora menos receitas com turistas estrangeiros no Brasil) caiu de US$ 3,6 bilhões para US$ 1,1 bilhão neste ano.

    Para 2016, o BC projeta deficit de US$ 25 bilhões. Na comparação com o PIB isso representa 1,52%, menor percentual desde 2008.

    INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS

    Os investimentos diretos em empresas no Brasil somaram US$ 5,6 bilhões, ficando no mesmo patamar registrado nos dois meses anteriores. No ano, cresceram 30%, para US$ 16,9 bilhões. A previsão do BC é encerrar o ano com US$ 60 bilhões.

    O investimento direto é a principal fonte de dólares para o Brasil e tem ajudado a manter o saldo entre entrada e saída de recursos positivo neste ano.

    O BC registrou investimentos estrangeiros de US$ 2 bilhões em ações somente no mês de março, o que elevou o resultado do ano para US$ 2,9 bilhões.

    No mercado de títulos, por outro lado, saíram US$ 2 bilhões no mês, o que elevou o resultado negativo do ano para US$ 7 bilhões.

    DÓLAR

    O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, afirmou que a alta recente do dólar não alterou a trajetória de redução do deficit externo.

    O BC previa um resultado negativo de US$ 1,7 bilhão para março, mas foi surpreendido pelo dado da balança comercial, o que levou a um deficit bem inferior.

    "Mesmo na conta de serviços e rendas, tivemos continuidade do processo de ajuste nas contas externas que tem sido observado há algum tempo", afirmou.

    Para abril, a estimativa é um deficit de US$ 1 bilhão, também inferior aos US$ 6,8 bilhões de abril de 2015.

    Já a entrada de investimentos estrangeiros diretos prevista para o mês é de US$ 6 bilhões. Segundo Maciel, o BC avalia rever para cima a expectativa de investimentos superiores à previsão atual de US$ 60 bilhões neste ano. "O que os nossos fluxos estão mostrando é que a projeção para o ano pode ser interpretada como relativamente conservadora."

    Em relação ao mercado financeiro, houve aumento na entrada de recursos estrangeiros em ações e títulos públicos em abril até a última segunda-feira (18), dia seguinte à aprovação do impeachment da presidente pela Câmara dos Deputados. Entraram US$ 1,151 bilhão em ações e US$ 130 milhões em títulos no período.

    No total, a entrada de dólares no país supera a saída em US$ 4,1 bilhões até dia 18.

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