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    Sem acordo com a Petrobras, Sete Brasil pedirá recuperação judicial

    DAVID FRIEDLANDER
    JULIO WIZIACK
    DE SÃO PAULO
    NICOLA PAMPLONA
    DE DO RIO

    21/04/2016 02h00

    Principal fornecedor da Petrobras na exploração do pré-sal, a empresa de sondas Sete Brasil vai entrar com pedido de recuperação judicial na próxima semana. A decisão foi tomada pelos sócios nesta quarta-feira (20).

    Com uma dívida bancária de cerca de R$ 17 bilhões e um investimento de R$ 8,3 bilhões praticamente perdido, os sócios da companhia tentavam um acordo com a estatal há mais de um ano.

    Um dos projetos mais ambiciosos do governo da presidente Dilma Rousseff, a Sete foi criada para construir e alugar 28 sondas de exploração de petróleo à Petrobras.

    Para fazer as embarcações, a empresa se endividou, mas até hoje não conseguiu assinar o contrato com a estatal.

    O processo de recuperação judicial será conduzido pela consultoria Alvarez&Marsal e pelo escritório de advocacia de Sergio Bermudes.

    Depois de entrar com o pedido, a Sete terá dois meses para apresentar um plano a seus credores.

    Nos últimos meses, a Petrobras vinha sinalizando que poderia discutir um acordo, desde que o número de sondas e o valor dos aluguéis fossem reduzidos.

    Bermudes afirmou que "o plano [de recuperação] considerará as 28 sondas" do projeto original. "A Petrobras nunca falou em descumprir os contratos", disse.

    FESTA DO PRÉ-SAL

    A Sete foi inventada pela Petrobras e o governo na euforia do pré-sal, no final de 2010. A ideia era ter uma empresa privada, com a estatal como sócia minoritária, para construir as sondas e alugá-las para a própria Petrobras durante 15 anos. A intenção era evitar que a estatal arcasse com esses investimentos.

    O projeto parecia tão lucrativo que os investidores disputaram para ver quem ficava com as fatias maiores.

    Além da Petrobras, entraram como sócios os bancos BTG Pactual, Santander e Bradesco, investidores estrangeiros, os fundos de pensão Petros, Funcef, Previ, e o fundo de investimento FI-FGTS. Esse grupo investiu mais de R$ 8 bilhões.

    Naquele momento, o barril de petróleo estava na casa dos US$ 100, o real estava valorizado, e a economia brasileira dava sinais de que continuaria em alta.

    O vento mudou de lado depois que a Operação Lava Jato desvendou um esquema de corrupção na Petrobras e na Sete, o barril de petróleo caiu para cerca de US$ 25 e a economia entrou em recessão.

    Com isso, a Petrobras passou a colocar sucessivas barreiras no projeto da Sete.

    Desde então, vários sócios queriam a recuperação judicial, mas esbarravam no Petros (dos funcionários da Petrobras), que tinha poder de veto e contava com o apoio de bancos que eram, ao mesmo tempo, sócios e credores.

    O Petros, que estava alinhado com a Petrobras, mudou de posição. Os bancos, que queriam tempo para executar parte das garantias antes da recuperação, também deram, agora, o aval.

    Em nota divulgada nesta quinta-feira (21), o Petros informou que estava aguardando um acordo entre Petrobras e Sete Brasil e que, apesar de avanços recentes, não se chegou a um acordo efetivo. Diante disso, a Fundação entendeu que, neste momento, a recuperação judicial seria a melhor saída para a Sete Brasil.

    O fundo de pensão ainda reiterou "que todas as decisões sobre Sete Brasil foram tomadas de forma autônoma, com base nas informações que tinha e depois de ampla análise do corpo técnico da Fundação".

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